Agências humanitárias pediram a Durão Barroso ambição na cimeira sobre alterações climáticas

Delegação em Nova Iorque solicitou «acordo efectivo e igualitário»

Uma delegação da Caritas Internationalis e da CIDSE, organização internacional de agências católicas para o desenvolvimento, acompanhados de especialistas em clima, encontrou-se com o recém-reeleito Presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, em Nova Iorque. O encontro decorreu na véspera do início da Cimeira que juntou os líderes mundiais para discutir as alterações climáticas. No horizonte está a Cimeira de Copenhaga, marcada para 7 a 18 de Dezembro, que visa alcançar um acordo global substituto do Protocolo de Quioto, que termina em 2012. 

A delegação tinha como objecto sensibilizar e comprometer os estados membros da União Europeia e os países ricos, para alcançar um acordo efectivo e igualitário, para além de pedir que esta questão seja encarada como uma prioridade ao mais alto nível político. 

Durão Barroso enalteceu os esforços das agências para o desenvolvimento, a CIDSE e a Cáritas Internationalis, que juntos representam a maior aliança humanista e de desenvolvimento mundial. O Presidente da CE pediu que as agências continuem o seu trabalho de forma a alcançar um acordo ambicioso sobre as alterações climáticas, em Copenhaga.

“É um imperativo moral e económico garantir o futuro das nossa crianças”, sublinhou Durão Barroso.

O secretário geral da CIDSE, Bernd Nilles, apontou que, apesar de as propostas da UE sobre as alterações climáticas serem ambiciosas, comparado com o que outros países têm feito, é necessário fazer mais para evitar uma perigosa alteração climática e salvar os mais pobres de um maior sofrimento.

O responsável da CIDSE incitou Durão Barroso a esforçar-se para alcançar um novo acordo mais ambicioso sobre as alterações climáticas, que inclua uma significativa redução da emissão dos gases de efeito de estufa (40% ou mais até 2020). Bernard Nilles pediu ainda que Durão Barroso promova a ajuda aos países em vias de desenvolvimento para se adaptarem às alterações climáticas.

A CIDSE e a Caritas sublinham que a ajuda tem de incluir um apoio financeiro adicional, tal como os países se haviam comprometido para atingir os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio.

O Cardeal Keith O’Brien, do Reino Unido, chefe da delegação, afirmou que os países ricos têm um inequívoco dever moral de reduzir as emissões de gases e ajudar os países em vias de desenvolvimento que sofrem as consequências devastadoras do uso de combustíveis fósseis, por parte dos países ricos, para conseguir benefícios económicos.

Já o Arcebispo Onaiyekan, da Nigéria, que integrou a delegação, falou em nome das pessoas que “nem sequer sabem o que são as alterações climáticas, mas sofrem os seus devastadores impactos”. O líder da Igreja nigeriana apontou que a actual crise sobre o clima “ultrapassa os interesses nacionais. O que pedimos não se pode confundir com caridade para os países em vias de desenvolvimento. As alterações climáticas referem-se ao futuro da humanidade e dizem respeito a todos”.

No encontro, a delegação entregou a Durão Barroso a Declaração de Justiça Climática, um documento que pede aos líderes mundiais que mostrem “liderança política e  moral” e se centrem nas populações mais pobres na Cimeira a decorrer em Nova Iorque, sobre alterações climáticas.

Os signatários da declaração assinalam trabalhar diariamente com “o bilião de pessoas mais necessitadas” e afirmam que as alterações climáticas provocam mais de “300 mil mortes todos os anos, a sua maioria nos países em vias de desenvolvimento”.

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