Pastoral Juvenil e Vocacional dos Jesuítas aposta na continuidade do testemunho de São Paulo
O «AfterPaul» juntou cerca de 700 jovens em Cernache nos primeiros dias do mês de Setembro. Um encontro de três dias que pretenderam, findo o Ano Paulino, reforçar as convicções cristãs entre os jovens que contactam com a Companhia de Jesus.
Isso mesmo partilhou o Pe. Nuno Almeida, jesuíta, no final do encontro ao Programa ECCLESIA. Depois de os Jesuítas festejarem São Francisco Xavier, “ao qual chamámos After Xave”, no rescaldo do Ano Paulino, “quisemos organizar um encontro sobre a força das convicções”. Entre jovens dos 16 aos 30 anos viveu-se uma “experiência de comunidade, de festa e de Paulo”, que pretendeu “interpelar as pessoas para uma visão actual da Igreja, dizendo que todos têm um papel evangelizador, tal como Paulo, e fazer com que algo parta da convicção profunda de ser cristão”, muito além “de um sentimento”.
O responsável garante não usarem “técnicas de marketing, mas somos nós”. O convite seguia a proposta de Santo Inácio de Loyola, ou seja, “colocar cada pessoa em relação com Deus. Se o conseguirmos proporcionar, o mundo de cada pessoa torna-se diferente”.
Também o Pe. Carlos Carneiro aponta que a linguagem adoptada pretende ir ao encontro das linguagens da juventude. “Mas mais do que a linguagem perceptível entre os jovens, é importante que a mensagem esteja em sintonia com a Igreja e com a busca interior de cada um, assim como a busca do seu lugar no mundo, na vida e na Igreja”.
Entre os participantes percebeu-se a unanimidade de que a cultura em que se vive é adversa. Mas, aponta o Pe. Nuno, “é muito bonito perceber que 700 pessoas aqui presentes lutam contra essa cultura e sabem que não estão sozinhos”. Este jesuíta frisou ainda que “nos sentimos bem nesta cultura, que é adversa, mas tem grandes sinais de autenticidade e de procura”.
Os sinais que se encontram são “positivos”, acrescenta o jesuíta. O cristianismo “é autêntico. As pessoas não vão à missa por herança, mas querem saber os «porquês». Isto relaciona-se com a força das convicções”.
O Pe. Carlos aponta que “todos experimentam a adversidade interior e exterior. Apesar disso tentamos encontrar sinais no discernimento de como saber estar”.
São Paulo é encarado como impulsionador da evangelização. “As comunidade paulinas eram pequenas mas foram transformando o mundo. Se daqui saírem pessoas com vontade de fazer uma experiência de comunidade, formando os seus grupos, seremos fermento na massa. Não queremos ser a massa”, frisou o Pe. Nuno Almeida. O Pe. Carlos acrescenta que “todos somos Paulo com o nome próprio de cada um. Não se trata de imitar, mas de encontrar um fonte de inspiração para viver uma fé, nem mais fácil nem mais difícil, mas com certeza muito oportuna”.
O «After Paul» não pretendeu ser uma “pesca de vocações”, mas um “despertar de gente comprometida, com a sua fé e com a sua maneira de ser. É um contributo para que as pessoas possam ajudar a construir um mundo mais pacífico como Jesus pedia. Se daí, se levantarem questões e as pessoas se perguntarem o que Deus espera de si, óptimo. Espero que todas as pessoas se perguntem o que Deus espera delas, mas esse não é o objectivo desta iniciativa”, assinala o Pe. Nuno Almeida.
Participações juvenis
A Cernache, em Coimbra, chegaram jovens de Norte e Sul do país, que mais ou menos próximos da espiritualidade inaciana, não escondem a influência que os jesuítas têm na sua vida. João Melo, de Coimbra, conheceu os Jesuítas através dos campos de férias do Cantil. Frequentador durante cinco anos, prepara-se agora para ser animador de outros jovens.
“Os jesuítas marcaram a minha vivência cristã”, explica ao programa ECCLESIA. Para este jovem, o Ano Paulino não acabou, “fica para nós”. Deste encontro João Melo leva “a força com que São Paulo teve para mudar a sua vida. A maneira como fala de Jesus toca a todos”.
Sendo jovem, João reconhece a dificuldade de “anunciar Jesus Cristo”. “As comunidades a quem Paulo escrevia eram pouco numerosas. Actualmente as cidades e as aldeias são muito populosas. A própria cultura que vivemos dificulta a intervenção dos cristãos no mundo”, reconhece.
No dia-a-dia, João Melo dá conta das dificuldades que sente, mas adianta “o gozo que me dá discutir sobre Deus e a religião com outras pessoas. É difícil chegar às pessoas e torná-las crentes, mas é algo que nos faz bem. A mim ensina-me todos os dias. Apesar das dúvidas que possamos ter são sempre saudáveis e contribuem para melhorar a minha fé”.
De Loulé chegou a Lenise Ferreira, que actualmente estuda em Lisboa. Esta jovem destaca como momentos essenciais do encontro de três dias “o silêncio e as meditações”
“Olhámos a vida como se fosse de cima e analisamos o nosso plano”, dá conta a jovem de Loulé. No silêncio “fomos convidados a reflectir”, sendo este um dos momentos altos dos dias que passou.
Esta jovem destaca ainda que será a coerência a melhor evangelização. “Penso que serão os actos, a companhia, o ouvir, que deverão assumir lugar cimeiro, ultrapassando as palavras que as pessoas estão cansadas de ouvir”.
Vinda do Porto e na hora de regressar a casa, Francisca Cardoso leva uma energia renovada e “ideias mais organizadas na cabeça para começar o ano”.
Também da mesma cidade, Filipa Freitas encontrou em Cernache a “possibilidade de pensar no que faz falta e no que é preciso para começar, em força, um novo ano”. Esta jovem assume que também no dia a dia, “somos evangelizadores com simplicidade”.
O Programa «70 x 7» emite no próximo Domingo, dia 13 uma reportagem sobre o «AfterPaul».