Africanos no Algarve voltaram encontrar-se para celebrar a fé

Os ritmos quentes da cultura africana para acção de graças a Deus voltaram a encher a igreja paroquial das Ferreiras na passada terça-feira, dia 1 de Maio, com a realização de mais um encontro dos africanos do Algarve, que no seu nascimento teve como intenção reunir apenas os caboverdianos. Com efeito, nos últimos anos, a iniciativa ultrapassou as fronteiras da participação dos naturais das ilhas de Cabo Verde, para acolher igualmente alguns angolanos, moçambicanos, santomenses e guineenses. Este ano, a celebração da Eucaristia que deu início à jornada foi presidida pelo Bispo do Algarve, D. Manuel Neto Quintas, tendo contado igualmente com a concelebração do vigário geral da diocese algarvia, o padre Firmino Ferro, do pároco local, o padre Carlos César Chantre, e dos padres Álvaro Santos, caboverdiano, e François Chanterie, belga, que tem estado a colaborar com o prior nas paróquias das Ferreiras, Boliqueime e Paderne. Aludindo à comemoração do Dia do Trabalhador, em que a Igreja celebra São José, operário, D. Manuel Quintas lembrou que “Deus criou dias para o trabalho e dias para o descanso, ou seja, dias para o encontro e para a festa, para celebrar a alegria da partilha, para rever familiares e amigos”. O presidente da celebração referiu-se ao valor desses momentos “para quem vive longe dos seus e da sua terra”, “alegria de poder reviver aspectos fundamentais que ajudam a tornar presente tudo o que está ausente” e sublinhou a importância de se “viver este encontro também sob a dimensão da própria fé”. “A alegria de sermos cristãos podemos exprimi-la hoje à volta deste altar. Mesmo oriundos de diferentes países e culturas sabemos que somos seus filhos e devemos sentirmo-nos irmanados. E nisso está a riqueza da nossa fé”, começou por destacar o Bispo diocesano. O Prelado frisou sobretudo, às largas centenas de participantes de várias gerações que encheram por completo a igreja, qual a missão da humanidade. “Deus, ao criar o homem à sua imagem e semelhança, incumbiu-o de transformar e humanizar o mundo, de o tornar mais capaz de acolher a pessoa humana e de o transformar ao seu serviço”, afirmou, interrogando: “e como é que devemos realizar esta missão?”. “Quando fazemos com amor, não nos cansa”, retorquiu, reclamando ser “fundamental que tenhamos as condições para exercer essa missão com dignidade e que sejamos recompensados por esse contributo”. “O facto de tanta gente deixar o seu país, terra e família é precisamente para encontrar condições de vida melhores”, complementou, defendendo que “o homem, ao procurar o seu sustento de cada dia e ao exercer a actividade de modo a bem servir a sociedade, prolonga na sua própria vida a dimensão criadora de Deus”. “É importante que vivamos esta vocação e missão com este espírito”, advertiu. “O trabalho é uma vocação e uma missão que o Senhor concedeu ao homem desde o dia em que o criou e que constitui um direito e um dever seu”, concluiu D. Manuel Quintas. A celebração ficou ainda marcada pelo acolhimento do pároco aos participantes que com eles trocou, por diversas vezes, palavras em crioulo, e pela intervenção da cantora Titina, também ela uma presença já habitual neste acontecimento. Com a interpretação de mornas e coladeiras a interprete caboverdiana ajudou os presentes a interiorizarem a liturgia celebrada. Depois da Eucaristia, que durou mais de 2 horas e meia, seguiu-se o almoço-convívio que se prolongou pela tarde fora abrilhantado por actuações diversas.

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Agência ECCLESIA

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