Seminarista católico denuncia «perda do sentido da humanidade e do sagrado»
Lisboa, 25 jul 2018 (Ecclesia) – A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) alerta que “a vida humana perdeu o seu valor” na República Democrática do Congo segundo um seminarista que exemplificou que o território de Beni “é como uma morgue”, na província do Kivu Norte.
“Está sempre cheia de cadáveres e, como consequência, quantos órfãos, viúvas, viúvos e desemprego”, escreveu na mensagem enviada ao secretariado Português da AIS.
Na informação enviada à Agência ECCLESIA, pela fundação pontifícia, o seminarista afirma que “existe uma perda do sentido da humanidade e mesmo do sagrado”.
“Aos defensores da dignidade e da sacralidade da pessoa devem juntar-se os sacerdotes que são tratados de forma banal e muitas vezes mortos ou apenas dados como desaparecidos”, assinalou.
“Quem nos retirará desta situação? Nenhuma classe social é poupada. Aqui a vida humana perdeu o seu valor”, acrescenta sobre a realidade vivida na República Democrática do Congo.
Segundo a Organização das Nações Unidas, mais de 4,5 milhões de congoleses foram forçados a fugir das casas por causa das guerras, da violência, da ausência total de segurança e mais de 700 mil fugiram para países vizinhos, como Angola.
“O povo congolês está exausto da barbárie política; Está na hora de limpar da cena política os governantes demagogos”, escreveu o seminarista.
A província do Kivu Norte, no leste do país, “é das que mais sofre há mais de uma década” e o aparecimento de grupos armados ou milícias “deram origem a múltiplas ameaças” contra a população onde raptos, massacres e violações “tornaram-se comuns”.
O seminarista contextualiza que, “desde a década de 60”, essa província “tem sido exposta a guerras, pilhagens e atos de violência”.
A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre contextualiza que um dos problemas atuais “é a enorme instabilidade política”, Joseph Kabila que é o presidente do Congo, desde janeiro de 2001, após o assassinato do seu pai, Laurent-Désiré Kabila, devia ter terminado o mandato a 20 de dezembro de 2016, mas ainda não foram convocadas novas eleições, que estavam previstas para o final de 2017, após acordo mediado pela Igreja Católica.
O relatório sobre Liberdade Religiosa da AIS, publicado em 2016, indica que “há poucas razões para acreditar que haverá melhorias num futuro próximo”, num país com 52,5% de católicos e 74,8 milhões de pessoas.
CB