Francisco volta a denunciar «campos de concentração» às portas do Mediterrâneo
Cidade do Vaticano, 31 jan 2023 (Ecclesia) – O Papa rezou hoje pelos migrantes que morrem na travessia do Saara, falando aos jornalistas que o acompanham na sua quinta viagem a África, com passagens pela RD Congo e o Sudão do Sul.
“Agora estamos a atravessar o Saara. Façamos uma pequena reflexão, em silêncio, uma oração por todas as pessoas que, procurando um pouco de bem-estar, um pouco de liberdade, atravessaram o deserto e não conseguiram”, disse, no voo entre Roma e Kinshasa, primeira etapa da visita de seis dias.
Francisco evocou as pessoas “sofredoras que chegam ao Mediterrâneo e, depois de cruzarem o deserto, são levadas para campos de concentração e lá sofrem”.
“Vamos rezar por todas essas pessoas”, acrescentou.
O Papa tem sido particularmente crítico do que designa como “campos de concentração” na Líbia, onde muitos migrantes são mantidos, para os impedir de chegar ao território europeu.
Francisco falou numa “bela viagem”, que esperava fazer em 2022 – foi então adiada devido aos problemas que o afetam, num joelho.
“Também gostaria de visitar Goma, mas com a guerra não é possível ir lá. Será apenas Kinshasa e Juba, daí faremos tudo. Obrigado por estarem aqui comigo, todos juntos”, referiu aos cerca de 75 profissionais da comunicação social que o acompanham, na viagem.
O Papa, que chegou ao aeroporto de Fiumicino, em Roma, numa cadeira de rodas, pediu desculpa por não poder percorrer o avião para cumprimentar os jornalistas, devido às suas limitações de mobilidade.
A jornalista Eva Fernández, da Rádio Cope, emissora da Conferência Episcopal Espanhola, ofereceu a Francisco um fragmento de rocha Kiwu da qual é extraído o coltan – cuja extração está ligada a violações de Direitos Humanos – e um fragmento de lava do vulcão Nyiragongo, cerca de 12 km ao norte da cidade de Goma, no leste da República Democrática do Congo.
O Papa chega esta tarde a Kinshasa, para uma visita de quatro dias.
No Estádio dos Mártires, que o recebe a 2 de fevereiro, uma plataforma desabou esta segunda-feira, após fortes chuvas, numa zona próxima do altar.
Jesus-Noël Sheke, da Agência E-Proxy Group, responsável pelo desenvolvimento dos palcos, disse aos jornalistas que está em curso a reparação da estrutura, assinalando que a mesma estará pronta a tempo de acolher Francisco.
O primeiro-ministro da RDC, Jean-Michel Sama Lukonde, reuniu-se na segunda-feira com todos os serviços envolvidos na preparação da viagem, e disse que o incidente provocou “muito medo para pouco dano”.
As autoridades congolesas decretaram uma manhã de feriado, esta quarta-feira, na cidade de Kinshasa, para permitir que as pessoas possam participar na Missa a que o Papa presidir no Aeroporto ‘Ndolo’, onde são esperadas mais de um milhão de participantes.
Esta é a quinta viagem de Francisco ao continente africano, onde esteve em 2015, 2017 e 2019, por duas vezes, tendo passado pelo Quénia, Uganda, República Centro-Africana, Egito, Marrocos, Moçambique, Madagáscar e Maurícia.
OC
RD Congo/Sudão do Sul: Papa chegou a Kinshasa, primeira etapa da quinta viagem a África (c/fotos)