D. Séamus Patrick Horgan afirma que a «esperança está na colaboração entre cristãos e muçulmanos»
Cidade do Vaticano, 23 set 2025 (Ecclesia) – O núncio apostólico no Sudão do Sul levou a proximidade do Papa Leão XIV às comunidades católicas e autoridades do país vizinho Sudão, onde passou pela capital Cartum e outras cidades, ao longo de 10 dias.
“Eu tinha um grande desejo de visitar esse país para levar a proximidade do Papa ao povo e à Igreja, muito provados nos últimos anos, e também para levar, de certa forma, a Igreja universal – porque o núncio representa essa Igreja maior – para dizer ao povo: “vocês não foram esquecidos pela Igreja e rezamos por vocês”. O objetivo era encontrar as comunidades católicas para levar essa mensagem do Santo Padre e, graças a Deus, conseguimos fazê-lo em todos os lugares que visitamos”, explicou D. Séamus Patrick Horgan, citado pelo portal de notícias do Vaticano.
O representante do Papa no Sudão do Sul acompanha também a Igreja Católica no Sudão, visitou Porto Sudão, Atbara, Cartum e Omdurman, e, em cada lugar, encontrou as comunidades católicas, rezaram e celebrou “Missas com elas”.
“Penso que também para as comunidades foi um consolo ver que o Papa pensa nelas, reza por elas e envia seu núncio também para levar essa mensagem e essa proximidade; fiquei muito, muito emocionado e muito feliz por ter encontrado os fiéis de Omdurman, Cartum, Atbara e Porto Sudão, onde os missionários combonianos administram a paróquia. Esse foi para mim o aspeto mais importante, o facto de termos conseguido encontrar os fiéis e comunicar a proximidade e o encorajamento do Papa”, desenvolveu o arcebispo irlandês.
O núncio apostólico no Sudão do Sul tem a “tarefa adicional” de acompanhar o Sudão, que tem duas dioceses – Cartum e El Obeid – e durante esta visita de 10 dias, D. Séamus Patrick Horgan teve a companhia do arcebispo de Cartum, D. Michael Didi Adgum Mangoria, e do bispo de El Obeid, D. Yunan Tombe Trille Kuku Andalim com quem está “sempre em contato, mas ver a situação é uma experiência diferente”.

“Especialmente ver Cartum, onde a guerra começou e que foi por muito tempo o centro do conflito, ver o nível de destruição foi realmente chocante. Tinha 8 milhões de habitantes, era uma cidade moderna, e, claro, as igrejas também sofreram, em Cartum e Omdurman”, assinalou.
Segundo o representante do Papa, as comunidades estão a começar “a regressar, porque a cidade agora está mais estável”, desde que foi recuperada pelas forças regulares em março, “e esse é o primeiro ponto para a Igreja, têm de estar com elas, com os padres, com os religiosos, “para acompanhar e poder reiniciar as paróquias, o apostolado da Igreja”.
A guerra no Sudão, entre o exército sudanês e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês), causou mais de 40 mil mortes, e pelo menos 13 milhões de deslocados, desde 15 de abril de 2023, D. Séamus Patrick Horgan salienta que “a guerra continua e não se sabe que rumo poderá tomar”, por isso, primeiro têm de rezar “para que, com a ajuda da comunidade internacional, se possa encontrar uma solução política para pôr fim às armas”, e “a reconstrução, em certo sentido, é a segunda etapa”.
O núncio apostólico encontrou-se com “o ministro das Relações Exteriores, o ministro dos Assuntos Religiosos”, em Porto Sudão, a capital provisória do governo sudanês, com quem teve “conversas muito abertas, muito úteis”, e comunicou-lhes “a grande preocupação do Santo Padre e da Santa Sé com a situação e garantir o compromisso da Santa Sé com a paz”.
“Falei, obviamente, da comunidade cristã local e também da futura estrutura constitucional, porque está em curso um processo para formular uma nova Constituição, sublinhando os valores que a Santa Sé sempre promove, como a liberdade de culto, a liberdade religiosa e assim por diante. Foi também expresso o desejo de que o futuro do Sudão seja construído através da colaboração entre muçulmanos e cristãos”, acrescentou o representante do Papa Leão XIV, que encontrou interlocutores “muito abertos e muito conscientes também do papel da Igreja no Sudão”.
D. Séamus Patrick Horgan é o primeiro representante do Vaticano residente no Sudão do Sul, foi nomeado no dia 14 de maio de 2024, pelo Papa Francisco, no país africano, independente desde 2011, e explica que “o panorama geral não é totalmente encorajador”, a guerra no Sudão “tem o seu efeito”, citado pelo portal ‘Vatican News’.
CB/OC