Missionário comboniano descreve um cenário com “milhares de feridos e hospitais sobrelotados”.
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Lisboa, 11 fev 2025 (Ecclesia) – O padre Marcelo Oliveira, missionário Comboniano, que vive na República Democrática do Congo (África) descreve que naquele país vive-se um ambiente de “autêntico caos”, com “mais de 2 mil mortos”, “milhares de feridos e hospitais sobrelotados”.
A situação é tão grave, diz o missionário, que até “os campos de deslocados foram atacados”, relatou à Fundação AIS.
Duas semanas depois de o “grupo armado M23 (apoiado pelo Ruanda)” ter avançado para a cidade de Goma, “continuam a registar-se confrontos na capital da província do Kivu Norte, no leste da República Democrática do Congo, o que se está a traduzir no agravamento brutal das condições humanitárias na região”, refere o comunicado enviado à Agência ECCLESIA.
O padre Marcelo Oliveira, um comboniano em missão na República Democrática do Congo, tem acompanhado a evolução dos acontecimentos para a Fundação AIS e descreve um ambiente “de caos nesta região”.
“A cidade de Goma continua a ser palco de conflito entre o exército congolês e a invasão do M23 e muita gente morta, mais de 2 mil mortos e milhares de feridos”.
No meio de todos os ataques e da confusão que se vivia na cidade, os presos pegaram fogo à prisão e muitos não conseguiram fugir”, afirma o sacerdote português numa mensagem enviada para a Fundação AIS em Lisboa. “Foram queimados no fogo”, acrescenta.
Face à situação “extremamente grave” que se está a viver na região e ao risco até da progressão das forças do grupo M23 para a província do Kivu Sul, têm estado em marcha ao longo dos últimos dias diversos esforços diplomáticos com vista a um cessar-fogo efetivo que proteja pelo menos as indefesas populações civis.
O padre Marcelo alerta também para o facto de o aeroporto local estar encerrado o que poderá complicar bastante a desejável distribuição de ajuda humanitária para as populações locais.
“Atualmente o aeroporto de Goma está fechado, a torre de controle foi vandalizada, as salas, o material levado… Pressupõe-se que possa haver ainda balas, bombas por detonar, e, portanto, terá de ser feito um estudo para se poder reabilitar este aeroporto, que acaba por ser a única via para fazer chegar a ajuda humanitária, o que se torna muito complicado”, explica.
O sacerdote português explica ainda que as populações estão em “grande sofrimento”.
“No meio disto tudo é sempre o povo quem sofre e aqui vemos a Igreja em sofrimento, com grandes dificuldades, com pessoas que têm constantemente de fugir das suas casas, que nem sequer no campo de refugiado podem estar. Mesmo os campos de refugiados foram atacados pelo M23, e isto é preocupante”, disse.
LFS