Afeganistão: vida difícil para os cristãos

“A situação em Cabul é desastrosa. Se continuar assim, o Afeganistão pode tornar-se num novo Vietname. Os talibãs não querem que o país saia do estado de atraso em que se encontra”.

A denúncia é de um religioso católico, que pede o anonimato; é que na capital, onde trabalha há muitos anos, é melhor que não saibam que é padre: “Pode aparecer algum fundamentalista e degolar-me” – explica. A lei estabelece que os não muçulmanos residentes no país podem praticar a sua fé, embora não a possam difundir.

O religioso afirma igualmente que a conjuntura política e social é muito difícil: “A corrupção é altíssima. Cabul é a única capital no mundo sem electricidade”. O padre ressalva que as pessoas, quando são ajudadas, reconhecem e apreciam o esforço.

Um dos exemplos da acção desenvolvida por organizações católicas é o trabalho das 12 irmãs das Pequenas Servas do Sagrado Coração, num centro que ajuda crianças com deficiências a integrarem-se na escola. A Irmã Michela diz que a situação não é fácil, mas que a população deseja a paz e está a reconstruir as casas. Já a Irmã Maria refere que a comunidade católica é formada por estrangeiros, e que a única igreja está dentro da embaixada italiana. “Todos esperam que o voto traga resultados positivos” – diz.

Eleições: previam-se mais incidentes

Milhões de afegãos elegeram hoje o novo presidente do país e os membros dos conselhos locais das províncias. Estas são as segundas eleições presidenciais depois da queda do regime talibã.

Pelo menos 22 rebeldes islamitas e um oficial da polícia morreram em confrontos que pretendiam encerrar as urnas de voto na cidade de Baghlan Marzai, no Norte do Afeganistão. Em Cabul, dois rebeldes foram mortos numa batalha e rockets foram disparados contra várias cidades.

Durante a manhã, dois homens armados, suspeitos de prepararem um ataque suicida, foram mortos durante um tiroteio com a polícia, que, segundo as agências de notícias, se prolongou por várias horas.

As autoridades deram também conta de vários disparos de rockets e explosões de bombas de fraca potência um pouco por todo o país, nomeadamente em Kandahar, Ghazni, Helmand, Nangarhar e Kunar. Estes ataques fizeram menos de dez feridos. Apesar dos incidentes, o número de ofensivas foi menor do que as estimativas.

A ONU refere que a participação pode chegar aos 50 por cento. Entretanto, vários candidatos e jornalistas que estão a acompanhar as eleições denunciaram várias irregularidades na votação.

Ataques aos cristãos

Todos os afegãos são considerados muçulmanos. Segundo o artigo terceiro da constituição, “nenhuma lei pode ser contrária à crença da sagrada religião do Islão”. A apostasia (abandono do Islamismo) e a blasfémia são crimes passíveis de morte. Se, em três dias, os convertidos não se retratarem e voltarem ao Islamismo, podem morrer. A maior parte dos conversos guarda a sua fé para si, partilhando-a somente com pessoas que consideram dignas de confiança.

Em Novembro de 2008, insurgentes talibãs assassinaram uma voluntária com cidadania inglesa e sul-africana, de 34 anos, pertencente à agência “Servindo o Afeganistão”.

Em Julho de 2007, 23 jovens missionários evangélicos sul-coreanos foram capturados na província de Ghazi, no Sul do país. Dois dos reféns foram mortos. O governo sul-coreano prometeu conter o envio de missionários cristãos para o país.

Em Maio de 2007, uma emenda à lei que regula os meios de comunicação social afegãos proibiu a promoção de qualquer religião que não o Islamismo.

Com agências

Foto: Eleições em 20.08.2009

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