Advento/ Portugal: «Preparar o Natal em Família», é proposta de departamento nacional da Igreja Católica

«O acolhimento de Jesus no outro, no nosso familiar, no nosso amigo, é muito importante» – Margarida Sá Nogueira

Lisboa, 19 dez 2025 (Ecclesia) – O Departamento Nacional da Pastoral Familiar (DNPF), da Igreja Católica em Portugal, está a dinamizar a proposta ‘Preparar o Natal em Família’, neste Advento, tempo litúrgico que antecede o nascimento de Jesus, “dirigida a todas as famílias”.

“A dificuldade, com franqueza, é, muitas vezes, voltar a centrar a figura de Jesus no Natal, porque o Natal é muito folclore, e, muitas vezes, é pouco o seu verdadeiro sentido, e passar um bocadinho esta mensagem sem sermos invasivos, porque os filhos são todos diferentes, e nem todos seguem o mesmo caminho”, disse Margarida Sá Nogueira, do DNPF, esta sexta-feira, em entrevista à Agência ECCLESIA.

A entrevistada destaca a importância do “acolhimento e a atenção a cada um” neste tempo porque, “muitas vezes, o Natal é uma azáfama de fazer bolos, e coisas”, e há pouco tempo para estar as pessoas com as quais que não estão “tanto tempo ao longo do ano”.

“O acolhimento de Jesus no outro, no nosso familiar, no nosso amigo, acho que é muito importante, e é isso também que nós cultivamos”, salientou Margarida Sá Nogueira.

Vasco Sá Nogueira, que também faz parte do DNPF, explica que em família passam pela experiência deste acolhimento “há vários anos”, está casado com Margarida “há 36 anos” e desde essa data têm de se “dividir” para celebrarem com as respetivas famílias, a consoada e o dia de Natal.

“Nós, particularmente, a nossa família, desde que casámos, criámos rotinas de rezar em família, e antes das refeições, ao jantar nomeadamente que era quando estávamos juntos. Acho que isso foi positivo e que deixou uma semente nos filhos”, acrescentou.

Neste sentido, Vasco Sá Nogueira destaca também que com as duas netas gémeas, “desde que elas tomaram consciência”, propõem apanhar musgo e fazer o presépio, “que é uma boa ocasião para elas, e adoram fazer o presépio, acham muito giro”, enquanto o neto mais novo, que ainda tem um ano, “se calhar também vai ser envolvido”.

“A família exige o tempo de estar, isso é que acho que é o fundamental, e também o perceber qual é o sentido do Natal, porque podemos ter a mesa muito bonita, muito bem-enfeitada, e com o presépio, mas quando vamos perguntar o que é que isso significa, às vezes, é um vazio tremendo, portanto também é uma oportunidade de catequese”, desenvolveu Margarida Sá Nogueira.

O Departamento Nacional da Pastoral Familiar, da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), está a promover o itinerário de Advento ‘Preparar o Natal em Família’, tempo litúrgico que, este ano, começou a 30 de novembro.

“A proposta foi um itinerário digital, preparada por um grupo de padres da Diocese de Santarém, para cada dia há a proposta de um texto, normalmente de Isaías, o comentário a esse texto, e a proposta de uma atividade. Por outro lado, a equipa do DNPF promoveu a elaboração de áudios para cada domingo, com a leitura do Evangelho, e um comentário”, explicou Vasco Sá Nogueira.

No Programa ECCLESIA desta sexta-feira, dia 19 de dezembro, transmitido na RTP2, os convidados comentaram os textos que vão ser lidos neste 4.º Domingo do Advento, nas Missas, frei José Nunes considerou “extraordinário” o itinerário de Advento do DNPF, propor às pessoas, às famílias, a leitura de Isaías.

“O Natal está muito comercializado e Jesus já está um bocado ausente, contudo, esta dinâmica do acolhimento, e de nos acolhermos todos em família, é importante. O Natal, em muitas sociedades não cristianizadas, por exemplo, em Angola, onde estive, e com uma ideologia mais ateia, o Natal é chamado Festa da Família”, desenvolveu.

O frade dominicano salientou que acolher “uns aos outros” na família, “só isso já é viver o Evangelho, é dar espaço a Jesus”.

“Estamos à espera e precisamos mesmo que Jesus venha. Porque a gente precisa de paz, precisa de saúde, a gente precisa de fraternidade. E Jesus representa tudo isso”, acrescentou o teólogo frei José Nunes, na análise da Liturgia da Palavra Dominical.

PR/CB/OC

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