Religiosa Teresiana coordena oito projetos sociais em Elvas e todos os dias promove a atitude de «encontro»
Lisboa, 11 dez 2021 (Ecclesia) – A irmã Fátima Magalhães, religiosa teresiana e responsável por vários projetos sociais em Elvas, disse à Agência ECCLESIA que a sua vida é ir ao encontro e defende que “além de pão tem de se levar para a rua os valores cristãos”.
“É preciso levar os valores para que a pessoa perceba que não vive só de pão, a solidariedade, o valor da fé, de fazer o presépio em família por exemplo, este ano estamos a convidar em cada cabaz a fazer o presépio em casa, com as três figuras principais e explicar a importância”, refere.
A religiosa destaca a importância das pessoas a quem ajuda saberem, por exemplo, “onde podem ir à eucaristia” e, uma vez por semana, convoca as pessoas pobres a rezar o terço pelos familiares, um momento que se mostra “muito importante”.
As preocupações da irmã Fátima Magalhães dividem-se por oito projetos sociais que coordena há mais de 30 anos, em Elvas, na arquidiocese de Évora, onde a ajuda dos voluntários é imprescindível, durante todo o ano.
“Há pessoas que vivem na rua, já foram reclusas e a rua é um lugar de tentação, por exemplo o “projeto passos da noite”, quase todos os dias vou com os voluntários, e digo: vamos ao encontro de Jesus, sabemos onde estão, junto a uma árvore, num vão de escada, num banco e levamos uma refeição quente e isso é motivo para conversa”, afirma.
“Ajudar a crescer bebés” é outro dos projetos, pela defesa da vida, onde a religiosa recebe todas as semanas jovens mães.
Quando vou ao encontro de jovens mães com muitos problemas de saúde, hepatite, sida, que se vendem todos os dias para pagar as contas, eu vou de joelhos porque vejo naquela mulher Maria grávida, estão grávidas também e no meio de sofrimento é Jesus que trazem no ventre, uma pessoa que, mais cedo ou mais tarde, poderá estar à frente de uma escola ou de um hospital, até de um país, e tem de ser tratado com toda a dignidade”.
Nesta altura do Natal, o projeto “intensifica” as ajudas e a religiosa explica que “compram mais leite e dão umas prendinhas de Natal melhores, criando mais condições”.
Os voluntários que alinham com a irmã Fátima “levam palavras de certeza” nos vários dias do ano, seja às ruas, às instituições ou à prisão.
A sua comunidade religiosa “incentiva-a muito nesta missão” e adaptam os horários da ceia de Natal para que a irmã Fátima possa estar na rua no dia 24 de dezembro, encontrando aqueles “que precisam de um conforto”.
“O dia 24 de dezembro inicia no estabelecimento prisional com a entrega de prendas para os filhos dos reclusos, com eucaristia, este ano se as limitações permitirem, depois vamos ao centro de acolhimento de crianças levar as prendas, e à tarde entregamos as refeições quentes e os doces próprios de Natal do Alentejo a pessoas sem abrigo e famílias carenciadas”, conta.
A irmã Fátima Magalhães regressa depois à sua comunidade e participa da missa do Galo onde depois se segue uma noite com uma voluntária “distribuindo chocolate quente” a alguma pessoa que “possa ter fugido ou esteja só”.
“Vamos ao encontro e vou com o mesmo amor com que na noite de Natal fui receber Jesus, se não for com este espírito não vale a pena”, aponta.
A conversa com a religiosa está em destaque, desde segunda-feira, na emissão do Programa Ecclesia na Antena 1 da rádio pública, pelas 22h45.
PR/SN
Advento/Natal: Ir ao encontro de quem está só – Emissão 09-12-2021