Religioso jesuíta protagoniza ciclo de conversas, inspiradas na nova encíclica do Papa Francisco, sobre o lugar do coração
Lisboa, 30 nov 2024 (Ecclesia) – O padre Paulo Duarte, religioso jesuíta, disse que a nova encíclica do Papa Francisco, sobre o lugar do coração na espiritualidade, convida a preparar o próximo Natal com maior atenção às questões interiores.
“O que é que eu posso fazer para que este Natal seja diferente, para não ser a mesma coisa”, refere o convidado do ciclo de conversas ‘Preparar o Natal com o coração’, que vão ser emitidas em cada domingo do Advento, no Programa ECCLESIA (Antena 1, 06h00) e no canal da Agência no YouTube.
A Igreja Católica assinala este domingo o início de um novo ano no seu calendário litúrgico, que começa com tempo do Advento, compreendendo os quatro domingos anteriores ao Natal.
As manifestações do Advento, palavra de origem latina que significa “vinda” ou “chegada”, expressam-se na coroa de ramos verdes com quatro velas, que se acendem aos domingos, bem como na armação do presépio, entre outras práticas.
Na primeira conversa, que parte da encíclica ‘Dilexit Nos’, publicada por Francisco no final de outubro, o padre Paulo Duarte convida a olhar para lá do “Natal ruidoso”, marcado por “muita atividade”.
“Faz parte, mas o perigo é tornar isso a realidade. Essa é que é a questão: esquecer, ou pelo menos diminuir, que é muitas vezes o que acontece, o grande significado do Natal. Esta luz que vem ao mundo, este Messias que nasce frágil”, precisou.
Para o adjunto do diretor da Rede Mundial de Oração do Papa em Portugal, a encíclica “chega num tempo muito interessante”, no qual se sente a “necessidade de espiritualidade, de voltar ao silêncio”.
Francisco, acrescenta o religioso jesuíta, propõe “um coração que saiba escutar”, num “tempo de polarizações, num tempo de tensões, num tempo de conflitos, num tempo de medos”.
“Termos este olhar a partir do coração é um convite, no fundo, a nos continuarmos a humanizar”, aponta.
O padre Paulo Duarte evoca a sua experiência nas formações, observando que “a tendência, muitas vezes, perante perguntas existenciais, é as pessoas ficarem perdidas, porque não se conhecem”.
“Temos uma sociedade que nos obriga a ser, se calhar, demasiadas coisas desajustadas. A ser pessoas de sucesso, a ser pessoas perfeitas, a ser pessoas acabadas. Que nos valida mais por isso”, indica.
A exigência das perguntas bem feitas e bem respondidas, ou pelo menos no caminho de boas respostas, pode ajudar-nos a fazer um caminho de relação com Deus”.
Apontando à próxima celebração do Natal, o sacerdote valoriza a “experiência do cuidado” que se vê no Menino “profunda e plenamente humano”.
“Sai-se da imagem do Deus todo-poderoso e inacessível, que é o que o Papa também vai repetindo muito na encíclica, para se apresentar este Deus acessível, que se toca, que também precisa ser cuidado”, afirma.
O religioso jesuíta convida, para este Natal, a aprender o olhar de Jesus que “vê o outro para além de qualquer categoria e vê como pessoa na plenitude e na totalidade”.
“Quando nos atrevemos a fazer também esta experiência de olhar o outro na pessoa como totalidade, algo novo acontece”, conclui.
OC
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