«Ad Limina» 2024: Presidente da Comissão Episcopal da Educação Cristã acredita no diálogo com o Estado para encontrar soluções sobre Escolas Católicas

D. António Augusto Azevedo sublinha importância de dar «apoio forte» à renovação destes estabelecimentos de ensino, depois de período de «profunda crise»

ECCLESIA/PR, Encontro do episcopado português no Dicastério da Cultura e Educação

Cidade do Vaticano, 22 mai 2024 (Ecclesia) – O presidente da Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé disse hoje acreditar que é possível o diálogo com o Estado para a procura de melhores soluções para as escolas católicas, depois de atravessarem uma “profunda crise”.

“Um dos aspetos dessa renovação será exatamente um diálogo também com o Estado, para que se chegue a uma plataforma estável e justa, para que estes projetos educativos não andem um bocadinho ao sabor dos caprichos ou dos calendários, digamos assim, eleitorais. Pelo contrário, que com o Estado se estabeleça critérios profundos, sérios, estáveis, para que as escolas cumpram bem a sua missão”, afirmou, em declarações aos jornalistas.

Os bispos portugueses realizam desde segunda-feira a visita “Ad Limina” ao Vaticano e esta manhã tiveram um encontro no Dicastério para a Cultura e Educação, presidido pelo cardeal português D. José Tolentino de Mendonça.

“A escola católica presta um serviço muito importante à sociedade portuguesa, às famílias que aí colocam os seus filhos. Eu julgo que o diálogo com o Estado vai ser possível”, defendeu D. António Augusto Azevedo, que diz que, sobretudo com a Associação Portuguesa das Escolas Católicas, esta comunicação vai ser solicitada e aprofundada “na busca das melhores soluções para o país”.

O “apoio forte à renovação da escola católica” foi tema na reunião e, em declarações sobre o encerramento de muitos destes estabelecimentos de ensino, o bispo de Vila Real entende que “agora há que encarar o futuro” e dar sustentabilidade aos novos projetos, do ponto de vista económico.

A educação está a enfrentar desafios muito importantes, muito difíceis, por um lado, mas também muito estimulantes. A escola católica está à altura, como já demonstrou no passado, a Igreja está no ensino há muitos séculos e tem sabido responder com propostas novas a cada tempo. Estamos num momento desses, de responder à altura destes tempos”.

Segundo o bispo de Vila Real, no encontro, que descreve como “muito rico e desde logo muito fraterno”, foi sublinhada também a importância da Educação Moral e Religiosa Católica “como espaço de diálogo, de encontro, sobretudo de transversalidade de conhecimentos, de transmissão de conhecimentos e que tem tido um desenvolvimento muito interessante”.

“[A EMRC] está numa fase de renovação muito interessante. Renovação não só de programas, mas sobretudo de materiais, mesmo digitais, e tem havido uma boa recetividade da parte dos alunos, além do esforço naturalmente de formação dos professores”, destacou.

D. António Augusto Azevedo defende que também a “escola católica deve dar um bom exemplo” no reconhecimento do trabalho dos professores.

Terá de se encontrar plataformas justas, equilibradas, sem dúvida, reconhecendo, de facto, que a escola existe por causa dos alunos, mas o papel do professor e o estatuto do professor, que nestes anos recentes não tem sido muito bem tratado, é preciso um outro reconhecimento e valorização do papel dos professores”

Para o responsável católico, “a questão dos professores não se reduz à questão do tempo, à questão do salarial, tem a ver com o estatuto, o seu papel na sociedade, o seu reconhecimento e a sua valorização”.

“É uma questão muito mais ampla, muito mais alargada da escola pública, com certeza, há que reconhecê-lo, mas também da escola particular e nós ajudaremos naquilo que for possível para que esse diálogo, seja construtivo e positivo, também contando e contaremos muito com os professores”, realçou.

Questionado sobre se na reunião no Dicastério para a Cultura e Educação foi apresentado o número de alunos inscritos em Educação Moral e Religiosa Católica em Portugal, D. António Augusto de Azevedo adianta que “o número de referência com que a Comissão tem trabalhado” é o de 250 mil jovens, que caracteriza como “um número bastante interessante” e “significativo”, embora as percentagens variem de acordo coma região do país.

“Nesses números começam a chegar cada vez mais jovens, alunos, estudantes de outras proveniências, imigrantes, também de outras tradições religiosas. A Educação Moral e Religiosa Católica começa a ser na escola também pública um espaço de diálogo, de encontro e de acolhimento. E esse é um aspeto importantíssimo. São muitos, mas o trabalho que está a ser feito parece-me muito positivo”, concluiu.

A visita “Ad Limina” prossegue até sexta-feira, dia em que os bispos portugueses se encontram com o Papa Francisco.

PR/LJ/OC

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