«Ad Limina» 2024: D. Vitorino Soares aponta para «um seminário menos interno» e mais «em ligação às comunidades», com as realidades que os padres vão encontrar no futuro

Formação dos futuros padres e estruturas dos seminários foram destaque na reunião com Dicastério para o Clero

Foto: Diocese do Porto/João Lopes Cardoso

Cidade do Vaticano, 22 mai 2024 (Ecclesia) – O presidente da Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios disse hoje que a questão da formação dos futuros padres e as estruturas dos seminários marcaram o encontro dos bispos portugueses com o Dicastério para o Clero, no Vaticano.

“Que tipo de formação se está a dar, no sentido de uma formação global, que vai desde o pré-seminário, passa ao tempo de seminário e passa após ordenação. Uma formação que, com certeza, está ainda muito voltada para o académico, e uma formação onde a lacuna humana, e sobretudo a lacuna missionária, acaba por vir ao de cima”, explicou D. Vitorino Soares, em declarações aos jornalistas portugueses que estão a acompanhar a visita ‘ad Limina’ do episcopado português.

O bispo auxiliar do Porto e reitor do Seminário Maior dessa diocese assinala que as questões na formação dos seminaristas exigem reflexão conjunta para encontrar “as melhores saídas”, com atenção às “outras culturas, outras línguas, outros povos que chegam aos seminários”.

Segundo D. Vitorino Soares, as “grandes lacunas” que têm verificado no âmbito da formação dos futuros sacerdotes acontecem “exatamente a nível humano, sobretudo a nível da relação e do relacionamento humano”, admitindo que os seminários se têm constituído “como algumas redomas de um mundo que não é a realidade, que é um mundo artificial”.

“É uma dimensão humana, a meu ver, de base, suporte, que leva a formação do internato a encarar novas situações e, sobretudo, a realidade. Isto é, que o seminário seja menos interno, se quisermos, para ser um seminário mais externo, em ligação às comunidades, e em relação a realidades que no futuro vão encontrar”, desenvolveu, lembrando situações que no futuro podem ser “as questões centrais de um pastor de qualquer tipo de comunidade”, como os idosos, os doentes, “as pessoas que vivem isoladamente”.

É um seminário, com certeza, menos interno, mais externo e, por isso, mais virado para aquilo que é a realidade e não para aquilo que é a escola ou aquilo que é a faculdade”.

No contexto da “escassez de vocações”, D. Vitorino Soares referiu-se também à reformulação dos seminários e à “comunhão das dioceses” sobre estas casas de formação, comunidades muito reduzidas que “acabam por não terem em si também capacidade para viver o próprio sentido de comunidade”.

“São números, de facto, muito baixos que obrigam a uma reflexão também interna entre nós, das próprias dioceses, se juntar seminários, se não juntar seminários, porque muitas vezes o manter seminários muito reduzidos, é uma questão também de manter uma imagem do passado que já não corresponde ao presente”, desenvolveu.

Neste sentido, o presidente da Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios explica que no futuro podem ter “seminários diocesanos que acolhem também outras dioceses”, como no Porto onde têm seminaristas das Dioceses de Coimbra e de Vila Real.

D. Vitorino Soares acrescenta que ainda podem “acolher outras dioceses” e realça que em Portugal podem encaminhar-se para seminários “interdiocesanos”, como o que existe em Braga – Seminário Interdiocesano de São José, promovido pelas Dioceses de Bragança-Miranda, Guarda, Lamego e Viseu – “ou dioceses que acolhem outras dioceses”.

Os bispos de Portugal realizam desde segunda-feira a visita ‘Ad Limina’, para diálogos com vários organismos na Cúria Romana e, na sexta-feira, dia final da iniciativa, com o Papa Francisco.

De acordo com o Gabinete de Comunicação da CEP, participam 20 bispos diocesanos, 5 bispos auxiliares, o bispo eleito de Beja, 2 bispos eméritos e o secretário, padre Manuel Barbosa.

PR/CB/OC

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