Açores: «[Serviço diaconal] não pode ser feito de chinelos ou roupa fina, é um serviço a ser feito com avental e mãos sujas» – D. Armando Esteves

Bispo de Angra preside à ordenação de três diáconos, desafiando-os a «envolvimento total» no seu ministério

Angra do Heroísmo, Açores, 17 jun 2024 (Ecclesia) – O bispo de Angra presidiu, este domingo, na Sé da cidade, nos Açores, a três ordenações diaconais, desafiando-os a agir numa atitude de serviço, com as “mãos sujas”.

“O serviço diaconal a ser vivido na casa de Deus, e com os dons do espírito santo, não pode ser feito de chinelos ou roupa fina, é um serviço a ser feito com avental e mãos sujas. Sujar as mãos. É um serviço que exige um envolvimento total e não um tempo limitado”, afirmou o D. Armando Esteves Domingues, na homilia.

André Furtado, de Lagoa, Leonel Vieira e Rui Pedro Soares, das Furnas, concluíram o sexto ano do Seminário em junho de 2023 e, ao longo do ano pastoral 2023/2024, estiveram a estagiar em paróquias de três ouvidorias, apoiando párocos e trabalhando sobretudo na pastoral catequética e vocacional, em São Miguel e na Terceira.

O bispo diocesano assinalou que pela frente os diáconos vão ter “um período focado no serviço”, encorajando-os a aproveitar o “tempo de graça” até à ordenação sacerdotal para perceberem o que Deus pretende deles, na “ótica do serviço”.

“Arriscai e vereis como o serviço vos fará felizes. Tornai-vos especialistas desse serviço livre e dedicado”, exortou.

“Pensai-vos como servos” foi o primeiro desafio que D. Armando Esteves Domingues deixou a André, Leonel e Rui, referindo que um dos enganos do maligno em que os chamados a uma especial consagração mais caem é o de pensarem a vida “como investida de um poder de ordem que vai para além do serviço”.

“Pensarmo-nos fora disto não é santo e pode fazer nascer um comportamento que testemunha não o serviço, mas o poder”, salientou.

“Se o primeiro era pensar, o segundo [desafio] é dizer”, apontou o bispo de Angra, convidando-os a assumirem-se servos.

“É uma atitude pedagógica, de facto, professar a própria diaconia diante dos outros- eu estou para servir – ajuda-nos na consciencialização da virtude da humildade e facilita-nos a tarefa de adquirir uma mentalidade de servo”, destacou.

Como último desafio, o bispo diocesano incitou os diáconos a agir, mostrando “por obras e perante todos”, que são servos de Cristo e que estão revestidos da carne de servo.

“Quem deseja estar ao serviço de Deus não pode escolher o lugar onde exercer o seu ministério: é o próprio Senhor que o indica. A casa de Deus, para quem está disposto a servir, é a criação e no meio da criação está o homem”, indicou.

“A casa de Deus […] é a vida dos nossos irmãos e irmãs, é a vida dos últimos, é a vida dos marginalizados, é a vida daqueles que não ouvem Deus e nem sequer o desejam, é a vida daqueles que, desiludidos por testemunhos falaciosos, recusam abrir-se à alegria, é a vida da Igreja hospital de campanha”, acrescentou D. Armando Esteves, sublinhando que “o serviço não está num lugar protegido, mas num campo aberto, exposto a todas as intempéries”.

“É um serviço sempre em risco! Mas, precisamente por isso, deve ser feito com alegria e total dedicação. Se nos anunciássemos a nós próprios, poderíamos antecipar os riscos e eliminá-los do nosso caminho. Mas como diz São Paulo, ‘Não nos anunciamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus, o Senhor; nós somos apenas servos’”, referiu.

“Sede testemunhas da alegria e da esperança”, pediu o bispo de Angra como último apelo.

“Trazeis hoje, caros jovens, a alegria e a esperança própria de um jovem, a alegria de um coração apaixonado e de quem vive constantemente junto do seu amor que é Cristo. Nunca percam a paixão e quando sentirdes que a estais a perder perguntai-vos: Onde a deixei, onde a posso ir buscar de novo? Para tal, alimentai o espírito de oração, porque é precisamente a oração que mantém o coração na alegria e um olhar de esperança visível por todos”, ressaltou.

No final da homilia, D. Armando Esteves Domingues confiou aos novos diáconos a “tarefa do testemunho da alegria no Jubileu da Esperança 2025”.

“Que ele seja também oportunidade de renovação e de renovadas vocações laicais, sacerdotais, missionárias e religiosas”, desejou.

Segundo o portal ‘Igreja Açores’, as ordenações diaconais acontecem no final do primeiro ano em que o Seminário de Angra experimentou um novo modelo formativo, com uma nova equipa formadora, integrada também por leigos.

Os três diáconos são os primeiros seminaristas ordenados por D. Armando Esteves Domingues nos Açores, assinala o sítio online, cujas ordenações sacerdotais estão marcadas para o final deste ano.

LJ/OC

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