Jornadas diocesanas visaram «aumentar o conhecimento» dos açorianos
Horta, Açores, 19 abr 2016 (Ecclesia) – A Diocese de Angra, nos Açores, promoveu umas Jornadas de Saúde Mental nas quais se alertou para o atraso de Portugal nessa área, comentando que as pessoas sentem “culpa” pela doença, na iniciativa promovida pelo Serviço Diocesano para a Pastoral Social no Faial.
“Estamos a caminhar nesta área com cerca de 30 anos de atraso, pelo que é uma falta de inteligência não se colocar a saúde mental como uma prioridade na agenda política no nosso país”, disse a oradora principal a vice-presidente Europe da World Federation of Mental Health.
Num comunicado enviado à Agência ECCLESIA, a organização revela que Filipa Palha alertou para a necessidade de “quanto mais cedo se intervir, melhor”, como em “qualquer problema de saúde”, e revelou que as pessoas sentem culpa pelo fato de terem uma doença mental “mas tal não é um capricho”.
As jornadas diocesanas intituladas ‘Desafios e oportunidades na recuperação de um problema de saúde mental’ realizaram-se na Biblioteca Pública e Arquivo Regional João José da Graça, na Ilha do Faial, com a participação de mais de 40 pessoas, no sábado.
A conferencista apresentou exemplos práticos para retratar como a falta de esclarecimento público contribui para o estigma social: “Não se pode dizer a uma pessoa que tem uma perna partida para simplesmente andar sozinha, do mesmo modo que não se pode pedir a uma pessoa que tem uma doença mental para ultrapassar o seu problema sem ajuda ou suporte.”
Segundo a também presidente da Associação ‘Encontrar-se’ o desequilíbrio na atribuição de recursos e a “ausência de financiamento adequado” para a saúde mental “levanta sérias questões éticas”.
“Quem paga o preço elevado deste desinvestimento são as pessoas com experiência de doença mental e os seus familiares”, alertou Filipa Palha.
O Serviço Diocesano para a Pastoral Social de Angra promoveu as jornadas dedicadas à saúde mental com diversos objetivos como derrubar barreiras que permitam a procura de ajuda precoce; “combater o estigma e a discriminação”, bem como, alertar os açorianos para a dimensão dos problemas da saúde mental e os “riscos pessoais, familiares, sociais e económicos”.
A organização fez um balanço “muito positivo” da iniciativa e o presidente do serviço diocesano assinala a aposta na “descentralização geográfica” do evento que pretende chamar a atenção para “uma área menos debatida”.
“Reforçando a aproximação e a comunicação interilhas, sendo nosso desejo que esta primeira iniciativa produza efeitos multiplicadores”, acrescentou o padre Duarte Melo.
CB