D. João Lavrador encerrou Congresso Insular das Misericórdias com apelos a uma «ação pública e aberta dos cristãos»
Angra do Heroísmo, Açores, 05 jun 2017 (Ecclesia) – O bispo de Angra incentivou as instituições de solidariedade social católicas a enfrentarem com “coragem” as realidades de pobreza e exclusão humana que ainda subsistem na sociedade portuguesa.
Na celebração da Solenidade de Pentecostes, este domingo, ocasião que marcou também o encerramento do Congresso Insular das Misericórdias dos Açores e da Madeira, D. João Lavrador realçou que uma ação presa ao “mero tradicionalismo” ou a um “formalismo vazio” não têm lugar perante “os tempos que vivemos”, que “são demolidores da verdadeira construção de uma sociedade e de uma cultura” com “bases sólidas”.
Na homilia da eucaristia que teve lugar na Praia da Vitória (Ilha Terceira), publicada pela página da Diocese de Angra na internet, o prelado sustentou que as instituições da Igreja Católica têm de ser não só exemplos de prontidão e solicitude na implementação de “ações diretas de ajuda”, mas também, a partir dos valores que transportam consigo, “oferecer os fundamentos para uma nova humanidade”.
“É tempo de deixarmos medos e preconceitos que a história moderna do pensamento projetou sobre a presença pública do cristianismo e da ação pública aberta e livre dos cristãos”, completou D. João Lavrador.
Do lado das instituições, e no último dia do Congresso das Misericórdias, ficou a interpelação para o reforço do “trabalho em rede” entre as várias estruturas da Igreja e também da sociedade civil.
De acordo com o portal ‘Igreja Açores’, Bento Barcelos, presidente da União das Misericórdias, apontou para a necessidade de uma ação conjunta que “desperte consciências e potencie recursos para que as Misericórdias possam ter os meios e a capacidade suficientes para darem resposta aos novos problemas da pobreza e da exclusão, apresentando a economia solidária como um dos grandes desafios”.
O 14.º Congresso Insular das Misericórdias contou com a presença do presidente da República.
Na sua intervenção na Sessão de Honra do evento, Marcelo Rebelo de Sousa alertou para a importância de prestar apoio às comunidades açorianas que estão a regressar da diáspora.
“É um desafio recuperar a proximidade com as pessoas e em todas as áreas”, sublinhou.
O presidente da República destacou ainda as Misericórdias açorianas enquanto “exemplo de dinamismo, de capacidade de renovação, e de mudança geracional mantendo a ligação às raízes”.
Uma saudação que estendeu a todas as Misericórdias, continentais e também do Arquipélago da Madeira, instituições que, de acordo com Marcelo Rebelo de Sousa, têm “um papel insubstituível” no apoio a quem mais precisa.
Este congresso das Misericórdias decorreu entre sexta-feira e domingo, com a participação de oradores como José Silva Peneda, presidente da assembleia-geral da União das Misericórdias Portuguesas, e Roberto Carneiro, professor da Universidade Católica Portuguesa.
Atualmente, prestam serviço nas duas regiões autónomas portuguesas 28 Misericórdias – 23 nos Açores e 5 na Madeira.
Em conjunto, estas instituições católicas de solidariedade social prestam apoio a cerca de 10 mil pessoas.
JCP