Açores: Primeira formação dos «Procuradores das almas» considerada «histórica»

São Miguel, Açores, 17 nov 2014 (Ecclesia) – O Movimento Romeiros de São Miguel (MRSM) promoveu este domingo a primeira formação para os “procuradores das almas” de cada rancho, prevista no novo programa pastoral, no auditório da Escola Secundária da Lagoa, em São Miguel.

“Hoje é um momento histórico na ilha de São Miguel porque estão aqui dezenas de irmãos só com esta função de procuradores e julgo que isso acontece pela primeira vez”, comentou Raúl Medeiros, do Rancho de São Pedro, de Ponta Delgada.

O ‘Procurador das almas’ há 14 anos explicou que esta função é “muito importante” porque durante a romaria há momentos em que a concentração diminui, “em que existem ações externas que desconcentram” e o procurador das almas tem a tarefa de “abrir o rancho para aqueles que são os problemas da comunidade, sensibilizá-lo e motivá-lo para a caminhada”.

Durante a romaria, o procurador que é escolhido pelo mestre do rancho pode ser substituído se não se sentir “em condições para desempenhar o papel”.

O “procurador das almas” é o romeiro de ligação espiritual entre o rancho e a comunidade realizada em três vertentes: “A recolha de oração; contacto com a comunidade e o intercâmbio com o rancho”, fazendo também a “evangelização de uns e de outros”.

O sítio informativo Igreja Açores, da Diocese de Angra, acrescenta que o romeiro procurador de almas recebe da comunidade os pedidos pelos quais deve rezar, “em número de Avé Marias e Pai Nossos que marca nos terços que leva ao pescoço”, e depois comunica-os ao rancho explicando o sentido de cada reza e as histórias de vida associadas.

A formação deste domingo foi animada por mais dois romeiros, dos ranchos de Lombinha da Maia, e de Nossa Senhora da Estrela na Ribeira Grande.

Segundo Paulo César Bulhões, romeiro há 20 anos, e “procurador das almas” do Rancho da Lombinha da Maia, as suas “competências são muito importantes” e destaca como as “atitudes” e a capacidade de “comunicar e de transmitir” inerentes à função.

“São fundamentais até para manter o sigilo sobre a história que foi contada e para a triagem que é preciso ser feita em cada momento”, desenvolve.

Por sua vez, o “procurador das almas” no Rancho da Matriz de Nossa Senhora da Estrela da Ribeira Grande, revela que as pessoas “agradecem mais do que pedem aos Romeiros”.

“Às vezes sentimo-nos os únicos ouvidos de uma história que precisa ser contada e as pessoas desabafam muito connosco”, acrescenta Eduíno Piques sobre a sua experiência de 13 anos.

O coordenador do MRSM explicou, sobre a primeira ação de formação do novo plano pastoral, que “é importante” que tenham a mesma perspetiva perante “esta caminhada quaresmal que envolve muita gente e para além de física é sobretudo espiritual”.

“Sinto que as pessoas acreditam mais no poder da nossa oração do que na oração delas”, disse ainda João Carlos Leite alertando que os romeiros têm de ter “consciência” das “muitas expectativas” que a comunidade deposita neles.

IA/CB

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Agência ECCLESIA

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