Cáritas Portuguesa está reunida em conselho geral, no qual Anabela Borba expôs as problemáticas existentes no arquipélago, entre elas a questão dos sem-abrigo

Angra do Heroísmo, Açores, 29 mar 2025 (Ecclesia) – A presidente da Cáritas Diocesana de Angra, Anabela Borba, pediu esta sexta-feira, o envolvimento e empenho dos cristãos na identificação dos problemas que afetam a população mais frágil na sociedade.
Em declarações aos jornalistas, enviadas à Agência ECCLESIA, no final da sessão de abertura do Conselho geral da Cáritas Portuguesa, em Angra do Heroísmo, nos Açores, a responsável afirmou que “o estar próximo é relativamente fácil quando as equipas técnicas trabalham com as pessoas, o problema é identificar” aquelas que necessitam de ajuda.
“E para isso é que nós precisávamos de cristãos ativos nas paróquias que conseguissem identificar as situações de maior risco, de jovens, de pessoas sem-abrigo, e que elas também se empenhassem em ajudar a resolver o problema”, defendeu.
Anabela Borba entende que é necessário “inconformismo” para continuar a levar o trabalho da Cáritas adiante, sublinhando que não é só ao nível dos apoios sociais que todos devem ser “inconformados”.
“Continuo a achar muito estranho que as paróquias não cuidem dos seus pobres e que os cristãos não tomem uma atenção especial às pessoas mais frágeis da sociedade, que não têm que ser aqueles que vão à missa, mas que existem na comunidade, e os cristãos deviam estar particularmente atentos a isso e, infelizmente, não estamos”, lamentou.
Este é, segundo a presidente da Cáritas Diocesana de Angra, um desafio que a Igreja enfrenta, realçando que é necessário continuar a lutar para que seja possível resolvê-lo.

Na sessão de abertura do Conselho geral da Cáritas Portuguesa, Anabela disse ter procurado passar a mensagem que todos juntos podem “fazer a diferença” na região e no país e destacar que a realidade é muito diversa.
“As prioridades que são numa região não são noutra, também pretendi chamar a atenção para aquilo que identificava como as problemáticas existentes nos Açores, hoje, que merecem uma atenção especial, quer das instituições sociais, mas sobretudo do Governo Regional e das autarquias”, indicou.
A responsável mostra-se “muito” preocupada com a população sem-abrigo, sobretudo na Ilha de São Miguel, e na inserção destas pessoas, além da questão da habitação e os “jovens em risco”, que não trabalham nem estudam.
Atualmente, a Cáritas está presente em oito das nove ilhas dos Açores, tendo uma ação diferenciada em cada realidade, procurando adaptar as respostas às necessidades locais.
O bispo de Angra, D. Armando Esteves Domingues, destaca a ação da Cáritas de São Miguel, que tem uma vertente mais assistencialista e atenta aos problemas dos sem-abrigo, e a da Cáritas da ilha Terceira, com projetos destinados a jovens em risco e “na área da formação profissional, na cadeia, com os reclusos”.
“E é este o caminho que nós gostaríamos de poder percorrer complementarmente”, adiantou o bispo.
D. Armando Esteves Domingues deu conta que, a nível diocesano, algumas paróquias não têm grupos ativos e, “muitos deles”, estão um “pouco parados”, revelando que um dos objetivos é implementar a renovação destes.
“A Cáritas tem muitos grupos em muitas paróquias, mas não pode haver comunidades onde não sejam os que lá estão os primeiros a preocuparem-se com os seus povos, digamos assim, com os mais desfavorecidos”, afirmou.
A presidente da Cáritas Portuguesa marca presença na iniciativa e, em declarações aos jornalistas, assinalou que “os territórios não precisam todos da mesma coisa”.
“Nós não temos preocupações transversais iguais. Essa é a diferença quando nós depois temos como é que resolvemos. Nós não podemos resolver coisas que são diferentes da mesma maneira”, frisou.
Segundo Rita Valadas, “quando as coisas são muito diferentes, não há política estratégica global que resolva. E, portanto, vão ficando franjas, vão ficando assuntos para resolver, vão ficando fragilidades para a segunda linha”.

“O que nós estamos aqui a tentar fazer é este movimento simples, próximo de olhar os territórios e encontrar em cada proximidade quais são os problemas em que nós podemos colaborar diretamente e em que nós podemos dar conselhos a quem está connosco num território, a estratégias nacionais, tudo isso para tentar resolver os problemas por outra via”, declarou.
O conselho geral da Cáritas Portuguesa, que termina hoje, é um encontro estatutário, no qual estão presentes responsáveis das Cáritas diocesanas de todo o país e da agenda de trabalhos fazem parte temas relacionados com a atividade da rede Cáritas em Portugal
O conselho geral da Cáritas é um órgão onde está representada a direção da Cáritas e todos os secretariados diocesanos da rede Cáritas onde se aprovam os documentos da vida interna da instituição como relatórios de atividades, relatórios contas, entre outros.
LJ