Sacerdote assinala o jubileu na Igreja Matriz de Ponta Delgada, onde foi ordenado, em 1964, e aponta a «autenticidade» como segredo do comunicador
Ponta Delgada, Açores, 21 Jun 2024 (Ecclesia) – O padre António Rego, antigo diretor do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais e jornalista em vários órgãos de comunicação nacionais, afirma que autenticidade é o segredo para o comunicador e afirma-se sacerdote “das gentes” e “das ondas”.
“O dever de comunicar nas ondas foi uma experiência muito rica, porque tive sempre de ver, para além das câmaras e das imagens, uma comunidade viva. Não apenas a comunidade eclesial, mas a comunidade humana”, disse em declarações à Agência ECCLESIA.
Ordenado sacerdote em 1964, quando tinha 23 anos, António Rego afirma-se grato pela “experiência eclesial” que viveu, a Igreja nas “suas hierarquias como nas suas bases e nas comunidades mais anónimas” e a “intensidade de ser Igreja e este mundo”.
“Nunca fui apenas Igreja nem apenas o mundo, fui uma Igreja e no mundo”, afirmou
No dia em que celebra 60 anos de ordenação sacerdotal, que são assinalados com uma Missa na Igreja Matriz de Ponta Delgada, o padre António Rego afirma-se “mais pároco das gentes do que das ondas”, porque “as ondas são um pouco mais abstratas e não tem os olhos a olhar para nos”.
Para o sacerdote e jornalista, é necessário “ter os olhos voltados para o céu, mas muito presos na terra e tentar unir esses dois polos”, o que considera “o segredo do bom comunicador”.
“Só sendo autênticos, só sendo a nossa verdade e a nossa vida é que temos algo a comunicar. Não somos teóricos, nem abstratos, não estamos a inventar teorias para comunicar. Nós vivemos e depois de vivermos é que comunicamos”.
Natural das Capelas, na Ilha de São Miguel, o padre António Rego afirma que os Açores são uma “marca indefetível no ministério” que desenvolveu ao longo de 60 anos.
“Não passei a vida a chorar pelos Açores nem a dizer que era açoriano todos os dias. Mas tenho a certeza que a experiência que ganhei nesta terra, neste mar, nestas pedras negras, neste verde admirável, nesta natureza que irrompe de uma forma tão admirável, tenho a impressão que esse todo estava comigo”, sublinhou.
Ao longo de mais de 50 anos como padre e jornalista, o padre António Rego foi autor dos programas “Hoje é domingo”, “Nota do Dia”, “Meditando”, “Diálogo com os que Sofrem”, “Esquema XIII”, “Verdade e Vida”, “Andar faz caminho”, “Toda a Gente é Pessoa”, “O homem sem tempo”, “Alfa e Omega”, “70×7”, “Palavra entre palavras”, “Reflexo”, “Oitavo Dia”.
Primeiro na rádio e nos jornais, na Diocese de Angra, o sacerdote trabalhou depois na Renascença, entre 1968 e 1975, e, até 1992, nos jornais nacionais, nos canais nacionais da rádio e na televisão públicas, no cinema, nas cooperativas audiovisuais, no Secretariado Nacional das Comunicações Sociais.
O programa “70×7” permanece em antena desde 1979, hoje emitido na RTP2, que o padre António Rego recorda, no livro “A Ilha e o Verbo”, como um “grande revelador de pequenas coisas que, com aparência insignificante, tinham grande valor pastoral e um enorme afeto entre a população”.
Convocado desde o início para o projeto TVI, iniciou como diretor de informação da estação que começou as emissões em fevereiro de 1993 e nela continuou como coordenador de programas religiosos, da transmissão da missa e depois como autor, produtor e realizador do programa “Oitavo Dia”.
O regresso à direção do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais, em 1996, correspondeu também à conclusão do diálogo entre as confissões religiosas radicadas em Portugal para uma presença conjunta na rádio e na televisão públicas, com o programa “A Fé dos Homens”, primeiro na RTP2 e depois na Antena.
No livro “A Ilha e o Verbo – Dos Vulcões da Atlântida à Galáxia Digital”, publicado pela Paulinas Editora por ocasião dos 50 anos de ordenação sacerdotal, o padre Rego recorda o percurso de padre e jornalista, afirmando que se trata de uma “missão única” que comporta as “duas atividades”.
“Sou um padre que exerço com alegria o meu ministério e o celebro nas comunidades presentes nos grandes ou pequenos templos e na grande ‘comunidade das ondas’. É um ministério único, partilhado em várias vertentes”, afirma no livro-entrevista ao jornalista Paulo Rocha. |
PR