Açores: Núncio apela à justiça

D. Rino Passigato destacou importância e mensagem das celebrações do Senhor Santo Cristo dos Milagres, em Ponta Delgada

Ponta Delgada, Açores, 13 mai 2012 (Ecclesia) – O núncio apostólico em Portugal destacou hoje a importância das festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres, em Ponta Delgada, ilha açoriana de São Miguel, e apelou a um compromisso comum de “justiça, de fraternidade e de paz”.

“As expectativas mais profundas do mundo e as grandes certezas do Evangelho cruzam-se”, disse D. Rino Passigato, na homilia da missa desta manhã, diante do santuário do Campo de São Francisco, que reuniu milhares de pessoas.

O diplomata, que disse estar nos Açores em representação de Bento XVI, aludiu ao “tempo de crise” que se está a viver, com consequências de “desânimo e rendição” que exigem coerência” dos cristãos para levar a sua mensagem a “todos os setores da sociedade”.

Segundo o presidente da celebração, todos os católicos são chamados a construir um “reino de justiça, amor e de paz”, não “pela força das armas”, mas pela “força suprema do amor”.

Este responsável sublinhou a necessidade das “regras da justiça, da equidade, da fraternidade e da solidariedade”, apelando ainda à “defesa da vida, desde o seu início no seio materno até ao seu fim natural”.

Neste contexto, o diplomata da Santa Sé enalteceu as pessoas que “prestam ajuda” aos outros “sem nada pedir em troca” e os “homens e mulheres de boa vontade que entregam o seu talento, energia, tempo e vida” ao “desenvolvimento pleno, à fraternidade e ecologia”.

Elogiando o papel da devoção ao Senhor Santo Cristo na “história e na vivência social e religiosa do povo açoriano”, D. Rino Passigato referiu que a “comovedora imagem” do Senhor Santo Cristo, coroada de espinhos, revela Jesus que veio “para libertar os homens” e “carregar sobre si toda a dor e sofrimento da humanidade”.

Nessa imagem, acrescentou, apresenta-se o “amor sem limites da misericórdia de Deus”.

“Só Cristo pode ajudar o homem a encontrar o verdadeiro caminho de paz, de felicidade”, disse o arcebispo italiano.

Na saudação inicial da celebração, o bispo de Angra manifestou “muita alegria” pela presença do núncio apostólico nos Açores, depois de há dois anos o Papa Bento XVI ter visitado Portugal continental.

D. António Sousa Braga falou num “momento especial de graça” para a diocese e deixou o seu “muito obrigado”, numa manhã de sol, apesar do mau tempo que tem atingido o arquipélaço.

O núncio apostólico em Portugal, por sua vez, manifestou a “proximidade paterna de Bento XVI”, sublinhando trazer a “bênção apostólica” do Papa para todos os presentes.

D. Rino Passigato preside às comemorações do Senhor Santo Cristo deste ano, que se prolongam até quinta-feira, e a visita a Ponta Delgada está integrada num programa de uma semana que começou com passagens pela Terceira e Faial, incluindo depois um contacto com as comunidades do Pico.

A imagem do Senhor Santo Cristo foi oferecida pelo Papa Paulo III (exerceu o pontificado entre 1534 e 1549) ao primeiro grupo de religiosas que quis fundar um convento em São Miguel, tendo-se deslocado a Roma para pedir a respetiva autorização.

As festas prosseguem com a procissão que percorre as principais ruas da cidade, reunindo milhares de pessoas por entre tapetes floridos e varandas ornamentadas.

Após a procissão, a imagem do Senhor Santo Cristo, que ficou sob a responsabilidade da Irmandade do Senhor Santo Cristo dos Milagres durante pouco mais de 24 horas, regressa ao Coro Baixo do Convento da Esperança e é devolvida ao cuidado das Religiosas de Maria Imaculada, onde permanece até ano seguinte.

A primeira procissão em honra do Santo Cristo aconteceu em 1700, realizando-se todos os anos no quinto domingo depois da Páscoa.

OC/PR

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Agência ECCLESIA

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