Açores: «Nove ilhas, nove realidades» com um «história peculiar»

Jornalistas apresentam arquipélago com olhar de dois movimentos de migração

Angra do Heroísmo, Açores, 28 nov 2015 (Ecclesia) – A Diocese de Angra recebe este domingo um novo bispo coadjutor, D. João Lavrador, que vai encontrar nove ilhas com realidades diversas e uma história particular de chegadas e partidas que marca a identidade açoriana.

“Nem sempre é fácil perceber os açorianos e os Açores. Nove ilhas, nove realidades diferentes, e outras tantas personalidades. Cada ilha é uma ilha”, assinala Carmo Rodeia, jornalista do portal ‘Igreja Açores’ da Diocese de Angra, em texto publicado na mais recente edição do Semanário ECCLESIA.

A responsável explica que é “preciso dar tempo ao tempo”, conhecer todas e cada uma das ilhas e “entrar no seu ritmo” para perceber a “coesão do arquipélago”.

“Talvez no grupo central esta resposta seja mais fácil. As ilhas quase que se beijam. De São Jorge avista-se o Pico, a Graciosa, a Terceira e o Faial”, acrescenta, sobre a terra que “pode ser uma das maiores aventuras de uma vida”.

Já o padre António Rego escreve que o açoriano é, “por natureza, viajante, peregrino, apaixonado pela distância e facilmente se deixa seduzir pelo chamamento enamorado da aventura”.

Com conhecimento de causa destaca que ser natural dos Açores é ser portador de uma “história peculiar” com séculos em “confronto com outros que foram chegando, com os muitos que partiram e semearam novos mundos”.

Segundo o sacerdote e jornalista, a viver há vários anos em Lisboa, os que formam a pátria da diáspora, em muitos pontos do mundo, constroem uma “nova essência” de ser açoriano revestidos duma personalidade que “nem sabem definir, nem conseguem rejeitar o berço que os embalou no meio do Atlântico”.

“O mar não é um cerco que debrua as rochas de cada ilha. É uma grande porta que se abre para os olhos marejados que diariamente desafiam horizontes, e estrada livre para chegar a outras paragens, culturas, histórias e expressões de fé”, desenvolve.

Carmo Rodeia reafirma que açorianos são diferentes e o arquipélago é um dos “raros locais” onde habita o “imperativo categórico”, uma terra que nunca foi lugar de missão mesmo desde “sempre” tenha sido uma “periferia nacional e hoje uma ultraperiferia, com estatuto político na Europa”.

Neste contexto, o padre António Rego observa por sua vez que os Açores são “muito mais” que a região autónoma dum “pequeno país da Europa” e destaca a sua “gente, cultura, fé, personalidade”.

“Um palpitar de vida que desafia o tempo, como desafia os vulcões ou o estremecimento de terra que tem como imagem de marca o não ser arrogantemente firme”, acrescenta.

Sobre os Açores e a sua diocese, Angra, que apresenta “uma das maiores percentagens de população católica” de Portugal, a jornalista Carmo Rodeia recorda esta franja da sociedade desde sempre foi católica “até porque para se povoar as ilhas tinha que se ser cristão”.

“Exibem uma das mais elevadas práticas dominicais e vivem como ninguém a religiosidade popular, de uma ponta à outra do arquipélago”, acrescenta.

Segundo dados fornecidos pelo sítio ‘Igreja Açores’ “mais de 92,39% dos residentes professarem o catolicismo, ou seja, 228 285 habitantes nas nove ilhas do arquipélago.

A Diocese de Angra foi erigida pelo Papa Paulo III com a bula ‘Equum Reputamus’, de 1534; atualmente tem 165 paróquias e 22 curatos, 160 sacerdotes e seis diáconos permanentes ao serviço e a partir dos relatórios dos párocos de 2014, a Cúria diocesana contabilizou 469 casamentos católicos e 2457 batismos.

CB/OC

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Agência ECCLESIA

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