«Altarinhos» e licores caseiros são marcas tradicionais
Angra do Heroísmo, Açores, 27 dez 2018 (Ecclesia) – As festas natalícias no arquipélago dos Açores são marcadas por uma forte dimensão religiosa e comunitária, materializada nos presépios – as `Lapinhas´ e os `Altarinhos do Menino Jesus´ – e as ‘mijinhas do Menino’.
Esta última tradição junta grupos em peregrinação por casas de amigos e familiares, com especial incidência no período entre o Natal e o dia de Reis, para partilhar os licores de tangerina, ananás ou leite, bem como as compotas tradicionais.
“Vamos ver o Menino Jesus, vamos ver a criatividade de um presépio, montado em cima de mesas, de cadeiras”, refere o diretor do Museu de Angra, Maduro Dias, em entrevista que é hoje transmitida no programa ECCLESIA na Antena 1 da rádio pública.
Já o diretor do Serviço Diocesano da Pastoral das Comunicações Sociais da Igreja, cónego Ricardo Henriques, sublinha a dimensão “social” destas tradições do Natal, em que as pessoas se visitam e “brindam à vida”, com licores ou vinho do Porto.
Outra forma de saudar as pessoas são os ranchos, com os seus cantares, “desejando bom ano, boas festas”, acrescenta.
O Natal é preparado, um pouco por todo o arquipélago, com as Novenas do Menino Jesus, ainda características dos meios mais rurais.
Ao mesmo tempo, vão ganhando vida os ‘Altarinhos do Menino Jesus’ e a ‘Lapinha’, uma espécie de “presépios em miniatura” com enfeites, musgo e flores de papel e secas que vêm desde o século XV/XVI.
O centro das celebrações natalícias é a Missa do Galo e a Missa do dia de Natal.
O diretor do Museu de Angra recorda que, no passado, “praticamente ninguém tinha ceia antes da Missa do Galo”.
“As pessoas faziam jejum no tempo do Advento e não é por acaso que se come bacalhau, porque havia abstinência” de carne, precisa Maduro Dias.
O dia de Natal, prossegue, era marcado pela troca de “pequenos presentes” e pela reunião da família.
A vivência natalícia na Diocese de Angra está hoje em destaque no Programa ECCLESIA, na Antena 1, a partir das 22h45, numa emissão que contou com a colaboração do portal ‘Igreja Açores’.
SN/OC