Açores: Grupos de homens e mulheres começam a percorrer estradas do arquipélago em romarias quaresmais

Ilha do Pico vai acolher, pela primeira vez, uma romaria com um rancho de São Miguel

Foto: Igreja Açores

Angra do Heroísmo, Açores, 17 fev 2024 (Ecclesia) – As romarias quaresmais nos Açores, Diocese de Angra, começaram hoje, pelas 05h30 locais, vão sair 56 grupos e o Movimento de Romeiros de São Miguel espera “números semelhantes” aos anteriores à pandemia.

“Este ano temos a grata informação de perceber que há mais irmãos na estrada e, sobretudo, crianças, o que nos alegra”, disse o presidente do Movimento de Romeiros de São Miguel ao portal online ‘Igreja Açores’, da Diocese de Angra.

As Romarias Quaresmais 2024 vão mobilizar 56 ranchos – 54 da Ilha de São Miguel, dois da diáspora açoriana, e grupos nas ilhas Terceiras, Graciosa e São Jorge e grupos de romeiras.

As romarias quaresmais hoje, dia 17 de fevereiro, pelas 05h30 locais (mais uma hora em Lisboa), e, segundo o presidente do Movimento de Romeiros de São Miguel, a expectativa é a de “um regresso à normalidade com números semelhantes aos de antes da pandemia”; devido à Covid-19 as romarias quaresmais tiveram um interregno de “quase três anos”.

 Nesta primeira semana da Quaresma, tempo litúrgico que começou com a celebração das cinzas, partem 11 ranchos – nove começam sábado e dois no doming – onde se inclui o ‘Santa Maria de Toronto’, o primeiro grupo da diáspora.

A Ilha Pico vai receber, neste ano de 2024, a sua primeira romaria pelo Rancho dos Fenais da Ajuda, de São Miguel: no dia 29 de fevereiro, participam numa vigília de oração em Santa Margarida; a 1 de março, celebram a Missa da saída, pelas 04h00, em Santa Cruz das Ribeiras, e está previsto terminar no Santuário do Senhor Bom Jesus Milagroso, às 19h00.

Na ilha Terceira há dois grupos de mulheres que vão sair esta Quaresma: o Rancho de Romeiras de Nossa Senhora da Conceição, nos dias 24 e 25 de fevereiro, para a sua 5.ª Romaria, e as Caminhantes de Nossa Senhora da Conceição, ligado ao mesmo santuário, realiza a sua 10ª Caminhada, a 16 e 17 de março.

Já o Rancho de Romeiros do Santuário de Nossa Senhora da Conceição, efetua a sua Romaria Quaresmal, de 6 a 10 de março; 40 homens percorrem o “esquema habitual” com pernoitas nas Doze Ribeiras, Agualva, Porto Martins e São Sebastião.

Na Ouvidoria das Capelas (Ilha de São Miguel) os sete ranchos, com setenta romeiros, também prepararam as Romarias Quaresmais com um momento de oração.

 Sublinhando a dimensão social deste carisma, o presidente do Movimento de Romeiros de São Miguel considera que este interesse pela Romaria Quaresmal deve fazê-los “pensar sobre a responsabilidade nas comunidades” onde estão inseridos.

“Temos de aproveitar esta onda e esta relação que estabelecemos entre nós e os párocos, cada vez mais entrosados com as romarias, de forma a sermos agentes ativos e comprometidos com a realidade social que nos envolve, não só nesta semana de caminhada espiritual e penitencial mas também durante todo o ano”, desenvolveu João Carlos Leite.

O portal informativo ‘Igreja Açores’ destaca que o envolvimento dos sacerdotes nas Romarias Quaresmais é cada vez maior, integram os ranchos das suas comunidades paroquiais como romeiros e muitos estão presentes na Eucaristia diária dos ranchos durante a romaria e participam no dia do Encontro com as Famílias, animando as meditações dessa hora.

“Temos de aproveitar esta relação porque isto é ser Igreja”, disse João Carlos Leite, afirmando que “ser cristão é estar envolvido na vida concreta dos irmãos”.

CB/OC

O Movimento de Romeiros de São Miguel partilhou várias recomendações para “uma favorável e mais profícua romaria”, sobre a “formação permanente e correção fraterna”, o seu ‘comportamento’, porque “como o romeiro está, fala e age é testemunho do caminho que Deus escolhe para evangelizar os irmãos e as irmãs”, e a ‘ecologia’, “à imagem de Jesus, de São Francisco de Assis e do Papa Francisco”.

A ‘humildade’, porque “a extravagância e ostentação não tem lugar no coração de um romeiro”, a importância de fazer ‘retiro’, “a romaria é um retiro espiritual de excelência, é, também, um serviço à Igreja e a toda a Humanidade, porque a missão do romeiro é rezar”, a ‘segurança’, as ‘pernoitas’ e o ‘pós-romaria’ são outras recomendações publicadas online.

“Aproveitemos este recomeço, num momento em que persistem guerras e misérias de toda a ordem, para levarmos a esperança de Jesus”, pede o Movimento de Romeiros de São Miguel.

Os ranchos vão percorrer as “casas” de Maria, cumprem um percurso, sempre com o mar pela esquerda, passando pelo maior número possível de igrejas e ermidas de São Miguel, a pé, durante uma semana; começam a andar antes do nascer do sol e terminam ao pôr-do-sol, sendo acolhidos pelas famílias, nas suas casas ou outros espaços.

Os romeiros usam um xaile, um lenço, um saco para alimentos, um bordão e um terço, entoando cânticos e rezando, e recolhem intenções que vão sendo partilhadas, sobretudo dentro das localidades, ao longo da estrada.

O bispo de Angra entregou 12 intenções nos seus pedidos de oração aos romeiros que vão peregrinar em diversas ilhas do Arquipélago dos Açores e na diáspora, durante o tempo da Quaresma, a partir de 17 de fevereiro.

“Oxalá este caminho de penitência e conversão vos traga a alegria do Crucificado e possais cantar o mais belo Aleluia Pascal das vossas vidas com as famílias, amigos, comunidades paroquiais”, deseja D. Armando Esteves Domingues, que, em cada dia, vai rezar “pelo Movimento dos Romeiros de São Miguel e por cada um dos que fazem a romaria”.

As romarias quaresmais terminam na Quinta-feira-santa, este ano dia 28 de março, quando recolhem os últimos ranchos coincidindo com a Missa da Ceia do Senhor, onde está instituído o rito do Lava-pés.

 

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Agência ECCLESIA

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