Angra do Heroísmo, Açores, 17 jan 2019 (Ecclesia) – O pároco da igreja Matriz de São Miguel Arcanjo, em Vila Franca do Campo na Diocese de Angra, manifestou satisfação por ver o painel ‘Lamentação sobre Cristo Morto’ classificado Bem Móvel de Interesse Público pelo Governo Regional dos Açores.
“Representa um valor cultural de importância regional e nacional, tanto ao nível de autoria, como de autenticidade e raridade, enquadrando-se, por isso, no definido no n.º 5 do artigo 15.º da Lei n.º 107/2001, de 8 de setembro, para o que se pode considerar como bem de interesse público”, lê-se no jornal oficial da presidência do Governo açoriano.
“É uma enorme alegria porque se trata de um verdadeiro milagre, no sentido de termos conseguido recuperar uma pintura com mais de quinhentos anos, com um inestimável valor histórico”, disse o padre José Borges, ao sítio online ‘Igreja Açores’.
Em 2008, o painel ‘Lamentação sobre Cristo Morto’ estava muito danificado e sem visibilidade numa capela colateral da igreja Matriz de São Miguel Arcanjo, em Vila Franca do Campo, na ilha de São Miguel; A autoria da obra é atribuída ao pintor português Diogo de Contreiras, segunda metade do século XVI.
A partir do ano seguinte, o painel foi objeto de um extenso estudo histórico, técnico e científico e de profunda intervenção de conservação e restauro, pela Divisão do Património Móvel, Imaterial e Arqueológico da Direção Regional da Cultura, entre novembro de 2009 e dezembro de 2013.
A obra do maneirismo português regressou à igreja açoriana e foi colocada num nicho de pedra com arco em ogiva, do lado direito do templo (a partir da entrada principal), em 2014.
“Esta pintura, porque nos transporta para a vida de Jesus – Cristo descido da cruz nos braços da mãe -, é uma excelente catequese viva para o momento que vivemos, que é a Quaresma”, afirmou o pároco da Matriz de Vila Franca ao sítio online Igreja Açores, da Diocese de Angra.
O painel ‘Lamentação sobre Cristo Morto’ tem como imagem central Cristo amparado pela Mãe, tendo Maria Madalena ajoelhada à esquerda, mais duas mulheres e São João, José de Arimateia e Nicodemos à direita, enquanto em segundo plano foram representadas as cruzes do Calvário, alguns soldados, um conjunto arquitetónico simbolizando Jerusalém, sobre um céu carregado.
A resolução do Conselho do Governo Regional dos Açores, de 15 de janeiro, informa que o painel é composto por oito tábuas de madeira de carvalho do Báltico (Quercus alba) e respetiva moldura original; Representa “o único exemplar remanescente” do retábulo-mor mandado executar a Lisboa na sequência da “reconstrução da igreja paroquial de Vila Franca do Campo, após o trágico terramoto de 22 de outubro de 1522”.
CB