«Erguer a bandeira da Paz é também lutar pela justiça social», disse D. Armando Esteves Domingues
Vila Franca do Campo, Açores, 01 jan 2025 (Ecclesia) – O bispo de Angra presidiu hoje à elevação da Ermida de Nossa Senhora da Paz, em Vila Franca do Campo, ilha de São Miguel, a santuário diocesano.
“Irmãs e irmãos, que aqui se levante hoje a bandeira da paz. Não para nos rendermos, mas para que seja vista de todos os lados e onde a força da oração seja mais forte que a das armas”, disse D. Armando Esteves Domingues, na homilia da celebração a que presidiu esta tarde, citado pelo portal diocesano ‘Igreja Açores’.
O responsável católico quis referir-se ao “tormento do terror de guerras destruidoras”, que agravam as já numerosas crises em curso – económica, energética, ambiental, migratória e sanitária-, também nos Açores, com um agravamento das desigualdades sociais.
“A paz começa já entre nós, na nossa ilha e Região Autónoma”, indicou o bispo de Angra, recordando que a região viu agravado o seu índice de pobreza de 21,9% para 25,1%, no último ano.
Erguer a bandeira da Paz é também lutar pela justiça social e, perceber que contributo podemos e queremos dar nesta luta intransigente pela paz que passa pela igual dignidade de todos”.
D. Armando Esteves Domingues desafiou os católicos a associar-se ao trabalho dos Centros Sociais, Cáritas, Vicentinos e outros grupos caritativos.
“Deixemos que Nossa Senhora da Paz molde o nosso coração para sermos artífices de paz, portadores de esperança aos seus filhos aflitos. Lembrais-vos que à sua prima Isabel, Maria leva a paz e a alegria? A paz, de facto, não viaja sozinha: precisa de pernas, de braços e de uma voz”, observou.
O bispo de Angra pediu ainda que as famílias sejam “escolas de valores” e apelou à oração de todos pela paz.
Nós vos pedimos, Senhora e Rainha da Paz, que todos os conflitos e guerras encontrem uma solução rápida e que quantos te amam e invocam se inspirem em ti para serem sempre construtores de paz”.
O bispo de Angra deseja que o novo Santuário, o primeiro dedicado a Maria na ilha de São Miguel, promova “o acolhimento aos peregrinos para lhes proporcionar uma profunda experiência com Deus”, como “um lugar de divulgação da espiritualidade mariana centrada na esperança e na paz”.
“Os sedentos e os perdidos virão aqui rezar. Aqui encontrarão amor, compreensão, consolação: o verdadeiro sentido da vida. Aqui haverá uma porta que terá o nome de ‘Porta de Paz’. Todos devem entrar por esta porta. Abertas as portas da Esperança, abre-se aqui hoje a ‘Porta da Paz’!”, concluiu.
O Santuário terá como primeiro reitor o padre José Borges, pároco da Igreja Matriz de Vila Franca do Campo, num espaço que agora passa a depender diretamente do bispo de Angra.
A Ermida de Nossa Senhora da Paz foi construída em 1764, no local onde se encontrava um templo mais primitivo, possivelmente do século XVI, no local onde um pastor terá encontrado uma imagem de Nossa Senhora numa gruta.
“O acesso ao templo, Imóvel de Interesse Público pelo Governo Regional dos Açores, desde 1991, faz-se por uma escadaria com 100 degraus, os patamares representam os mistérios gozosos e dolorosos do Rosário”, informa o ‘Igreja Açores’.
A Diocese de Angra, presente nas nove ilhas do Arquipélago dos Açores, tem outros cinco santuários diocesanos, três cristológicos e dois marianos: Santuário do Senhor Santo Cristo dos Milagres, em Ponta Delgada (São Miguel); Santuário do Senhor Bom Jesus Milagroso, em São Mateus (Pico); Santuário do Senhor Santo Cristo da Caldeira, na Fajã do Santo Cristo (São Jorge); e na ilha Terceira, os santuários marianos de Nossa Senhora da Conceição e Nossa Senhora dos Milagres.
OC