Açores: Elevada abstenção «pode contagiar democracia e enfraquece participação cívica» – bispo de Angra

60% dos açorianos abstiveram-se

Angra do Heroísmo, Açores, 18 out 2016 (Açores) – O bispo de Angra disse que a “demasiado elevada” taxa de abstenção, de 60% nas eleições para a Assembleia Regional dos Açores realizadas este domingo, pode “contagiar a democracia e enfraquece a participação cívica dos cidadãos”.

“Apesar do facto de já termos a experiência democrática de mais de quarenta anos, na realidade falta uma verdadeira formação e educação para a participação. Isto faz-se nas famílias, nas escolas, nas associações, nas igrejas e nas áreas de intervenção politica”, escreve D. João Lavrador.

Para o bispo de Angra e das Ilhas dos Açores a Igreja deve “alertar para o dever e o direito” de cada cidadão participar no ato eleitoral, algo que foi feito em todas as comunidades paroquiais pelos respetivos párocos.

Num comunicado enviado hoje à Agência ECCLESIA pelo sítio na internet ‘Igreja Açores’, o prelado observa que apesar da mobilização para as eleições para a Assembleia Regional dos Açores “as pessoas decidiram por uma margem muito expressiva de abstenção”, que atingiu os 60%.

D. João Lavrador, numa “interpretação pessoal” das últimas eleições nos Açores, observa que numa “democracia consolidada” como a portuguesa as pessoas “sentem-se dispensadas” de participar nos atos que elegem os seus representantes.

O afastamento dos políticos em relação aos seus eleitores e a forma como as pessoas “vêm ou não resolvidos os seus problemas” são outros fatores apontados para a abstenção, considerando o prelado que os organismos públicos têm de “analisar em profundidade os problemas reais” e dar-lhes respostas adequadas.

“A falta de novidade, as exíguas ideias para os problemas culturais, económicos e sociais e os ataques pessoais acabam por desmobilizar as pessoas” e são, para D. João Lavrador, motivos que afastam os eleitores das mesas de voto.

Neste contexto, o prelado acrescenta que o facto de os programas eleitorais “não serem respeitados” na gestão governativa faz com que os cidadãos sintam “desconfiança” sobre “a verdade do que é prometido”.

“Importa implementar uma ação governativa de verdade, com limpidez e acessível à compreensão das pessoas”, observa.

O prelado, a partir do que “aparece frequentemente” na comunicação social, indica também que há uma revisão a fazer aos cadernos eleitorais para que o número de eleitores coincida com os votantes.

D. João Lavrador é bispo de Angra desde 15 de março e participou nas suas primeiras eleições regionais deste domingo que tiveram 228160 inscritos, dos quais votaram 93189 originando uma abstenção de 59,16%, segundo divulgou o Governo Regional dos Açores.

“A cidadania é tarefa de todos os cidadãos e terá de mobilizar a todos e cada um para a sua participação no bem comum”, conclui o responsável religioso católico, destacando que “analisadas as realidades” que “afetam” a participação nas eleições é preciso um trabalho que não pode ficar “só para o tempo pré-eleitoral”.

CB/PR

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