Bispo de Angra foi ordenado sacerdote pelo Papa italiano
Angra do Heroísmo, Açores, 19 out 2014 (Ecclesia) – O bispo da Diocese de Angra, Açores, foi ordenado sacerdote por Paulo VI e a Santa Sé convidou-o, nessa condição, para participar hoje na eucarística de beatificação do Papa italiano.
“É uma honra que traduz uma graça recebida há 44 anos. Foi uma graça e, ao mesmo tempo, um momento de desbloqueio da minha caminhada, sem dúvida que Paulo VI, sem o saber, deu um `empurrãozinho´ enorme na minha decisão”, disse D. António de Sousa Braga, ao sítio de informação Igreja Açores.
Para a Eucaristia da beatificação, o bispo de Angra revela que lhe pediram para levar “a estola que o Papa ofereceu no dia da ordenação”.
“Não sei quantos seremos dos 278 que fomos ordenados”, acrescenta.
O prelado, que na época era estudante de Teologia, na Universidade Gregoriana, em Roma, e devia sido ordenado sacerdote no final do ano de 1969, tinha “dúvidas e algumas inquietações” que adiaram a ordenação “providencialmente”.
D. António de Sousa Braga explica que a instabilidade dentro da Igreja, as reformas conciliares e os problemas que daí decorriam “faziam pensar muito” e revela que havia uma “clara divergência entre ocidentais e a América do Norte e todos os outros e isso provocava dificuldades”.
Depois, na primavera de 1970 espalhou-se a informação, pelos colégios internacionais, de que o Papa Paulo VI (1897-1978) ia ordenar diáconos estrangeiros e de algumas dioceses italianas, por ocasião das suas bodas de ouro sacerdotais, que aconteceu a 17 de maio de 1970, dia de Pentecostes.
“Nunca tenham medo nem duvidem do vosso ministério; usem-no para fazer chegar às pessoas a graça porque quem dá a cruz dará a coragem e a força para a carregarem”, disse Paulo VI, recorda o bispo de Angra, sobre o ‘seu’ Papa: “Não só porque me ordenou mas porque é o Papa do Concílio”.
Para D. António de Sousa Braga, a decisão do Papa Francisco tem “imenso significado” porque foi o Papa João XXIII que teve “a ousadia de marcar o Concílio”, mas quem o terminou e teve “a coragem” de o pôr em prática “numa situação bastante difícil dentro da Igreja foi Paulo VI”.
Nesse sentido, o prelado destaca o pioneirismo do Papa que vai ser beatificado este domingo: “Foi o primeiro a andar de avião, a visitar os cinco continentes, a falar na ONU, a promover o ecumenismo, a visitar a Terra Santa, a abraçar os chefes das igrejas Ortodoxa e Anglicana, a visitar Fátima”.
O bispo de Angra compara o Papa Francisco a Paulo VI sobretudo na “necessidade de uma verdadeira conversão da igreja e a uma progressiva humanização” e assinala que as diferenças se acentuam na comunicação.
“Paulo VI não era um bom comunicador, ao contrário do Papa Francisco, nem tinha a sua frescura. Quando recebeu os padres portugueses antes de vir a Fátima, via-se que era um homem desgastado, cansado, mas ainda assim com forças para rezar pela paz no mundo”, desenvolve.
IA/CB