Açores: Crianças cumprem a tradição do «Pão por Deus»

Tradição que remonta ao sismo de 1755, que devastou Lisboa, está a ser recuperada

Angra do Heroísmo, Açores, 31 out 2015 (Ecclesia)  – O Pão por Deus nos Açores, que se assinala este domingo, dia 1 de novembro, é uma “tradição muito viva”, impulsionada pelas escolas católicas e que está a ser recuperada como uma tradição cultural pelas escolas do ensino público regional, sobretudo as do ensino básico.

O Pão por Deus por ser este ano num domingo a sua comemoração nas escolas foi antecipada para esta sexta-feira.

No Colégio de Santa Clara, em Angra do Heroísmo, por exemplo, as crianças dos 4 e 5 anos (cerca de 100) saíram da escola e foram pedir Pão por Deus.

“Geralmente deslocam-se aos serviços dos pais e é aí que fazem o pedido” disse a diretora do Colégio, Ir. Helena Godinho, sublinhando que no Colégio estimula “muito” estas tradições.

Todas as crianças da instituição de ensino foram convidadas a fazer “sacas” tradicionais, embora cada vez mais “se utilizem produtos reciclados até para sensibilizar para o ambiente”. Este ano as sacas feitas neste colégio são maioritariamente inspiradas no tema do Plano anual de atividades que é a “Terra, nossa casa comum”, precisou ainda a responsável.

A tradição do Pão Por Deus remonta a 1756, um ano depois do sismo que devastou Lisboa. A pobreza que atingia a capital agravou-se com a destruição provocada pelo abalo de terra e um ano depois os lisboetas saíram à rua para pedirem Pão por Deus para “matar” a fome.

Nas décadas de 60 e 70, por imposição da ditadura do Estado Novo, o Pão Por Deus só podia ser pedido por crianças, menores de 10 anos e, apenas, até ao meio dia.

Pão, frutos secos e agora guloseimas é o que costuma ser pedido pelos mais novos que, inclusivamente, se arranjam com sacos bem decorados para irem para a rua pedir.

No Pão Por Deus, uma tradição católica, as crianças pedem e se por acaso nada lhes é oferecido não ripostam com qualquer travessura; é, juntamente com as romarias aos cemitérios, um dos hábitos do primeiro de novembro, dia em que a Igreja Católica celebra Todos Os Santos.

IA/SN

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