Açores: Bispo de Angra pede «um novo ímpeto na fraternidade presbiteral» e exorta clero a concretizar a sinodalidade

D. Armando Esteves Domingues presidiu ao Jubileu dos Sacerdotes, numa celebração que incluiu a ordenação de sete diáconos permanentes

Foto: Igreja Açores/CR

Angra do Heroísmo, Açores, 23 jun 2025 (Ecclesia) – O bispo de Angra presidiu este domingo, na Sé da cidade, ao Jubileu dos Sacerdotes a quem pediu “um novo ímpeto na fraternidade presbiteral” e exortou a envolverem-se no processo sinodal.

“Desejo que cada um recupere a serenidade no seu ministério; mas, precisamente por isso, peço-vos um novo ímpeto na fraternidade presbiteral, que mergulha as suas raízes numa sólida vida espiritual, no encontro com Ele e na escuta da sua Palavra. Alimentados por esta linfa, conseguiremos viver as essenciais relações de amizade”, afirmou D. Armando Esteves Domingues, informa o portal Igreja Açores.

Na celebração, o bispo diocesano lembrou o discurso do Papa Leão XIV aos padres da Diocese de Roma, convidando os sacerdotes a ser “credíveis e exemplares”, além de ter chamado a aperfeiçoar “um estilo sinodal de viver o ministério”.

“Eu quero ser o primeiro. Ajudemo-nos nas equipas sacerdotais das Ouvidorias, nos Conselhos e Serviços Pastorais”, exortou.

Para D. Armando Esteves Domingues, “a Sinodalidade é a concretização prática da comunhão no seio das comunidades cristãs para as tornar capazes de evangelizar melhor, de desenvolver uma cultura nova na sociedade, baseada no diálogo respeitoso, na aceitação dos diferentes e na convivência fraterna com todos, todos, todos”.

Recuperando o discurso de Leão XIV, que disse que “sem a sinodalidade tudo murcha” e que esta “não foi invenção do Papa Francisco nem de Paulo VI”, mas “uma característica essencial da Igreja desde os seus inícios”, o bispo de Angra destacou que “não basta o empenho do Papa, é necessária a corresponsabilidade de todos os fiéis, sejam eles leigos, religiosos ou ordenados”.

“A todos exige-se uma docilidade ao Espírito e uma cultura sinodal que só poderemos adquirir com treino. Entende-se assim o desejo do Papa de que todas as comunidades ‘sejam ginásios de fraternidade e participação, não apenas locais de encontro, mas lugares de espiritualidade’”, referiu.

D. Armando Esteves Domingues agradeceu aos sacerdotes por uma vida de entrega à Igreja e ao serviço do Povo de Deus, numa celebração em que estiveram presentes nove dos 13 padres que este ano celebram os jubileus de ordenação sacerdotal (25, 50 e 60 anos).

Parabéns, caros padres em Jubileu. Parabéns pela maravilhosa vocação a que Deus vos chamou; parabéns por estardes aqui a agradecer e renovar o dom da Ordenação e os anos de ministério. Obrigado pelo que sois e fazeis na diocese”, expressou o bispo, agradecendo ainda por construírem a “comunhão no presbitério, essencial à missão” daquela “Igreja Local”.

A celebração, que decorreu durante a tarde, incluiu também a ordenação de sete diáconos permanentes, salientando que “numa Igreja constitutivamente sinodal-missionária, que se interroga sobre a participação de todos e todas na única missão messiânica do povo de Deus, são necessários os diáconos que trazem profecia social da política à economia, colaboram com todos aqueles que acreditam na fraternidade e na paz numa permuta de dons com o mundo”.

“Numa sociedade de incerteza, insegurança e precariedade, os diáconos são chamados a ser ‘ministros ou servidores da esperança’”, sublinhou.

Segundo D. Armando Esteves Domingues, “’Ser ministro’ significa estar preso por uma paixão que deve ressoar nos lugares de sofrimento e de limite humano, onde se experimenta a proximidade dramática da morte e a miséria sem perspetivas de futuro: o hospital, a prisão, o cemitério, os lares e centros de acolhimento para pobres, idosos e doentes, migrantes, toxicodependentes, os centros de escuta e ação da Cáritas, etc”.

O bispo desafiou também os diáconos permanentes a serem “lavadores de pés” na comunidade sobretudo junto dos mais frágeis.

O diácono não é uma espécie de ‘vice-pároco’ ou um ministro a meias. Ao contrário dos presbíteros, os diáconos não são ordenados para o sacerdócio, mas para o ministério. O Documento final do Sínodo apela a uma promoção do diaconado, ‘reconhecendo neste ministério um fator precioso de maturação de uma Igreja serva no seguimento do Senhor Jesus que se fez servo de todos’”, enfatizou.

De acordo com D. Armando Esteves Domingues, “na verdade, os diáconos favorecem um amadurecimento da unidade entre fé e vida, sem separações indevidas entre sagrado e profano”.

“Eles deslocam a Igreja, porque a impelem a estar presente no território não só através da capilar estrutura paroquial, mas em todos os lugares onde o ser humano trabalha, edifica a sociedade, experimenta o sofrimento, a rejeição, a fragilidade, o cansaço de viver”, apontou.

O novos diáconos ordenados (quatro casados e três solteiros) vivem em São Miguel, Terceira e Pico onde continuarão agora a exercer o seu ministério, informa o portal Igreja Açores.

LJ/OC

Partilhar:
Scroll to Top