Muitas crianças e jovens participam nesta tradição de Quaresma
Ponta Delgada, Açores, 19 mar 2018 (Ecclesia) – Os Ranchos dos Romeiros de São Miguel, nos Açores, são sempre encabeçados por crianças e jovens, que transportam a cruz, e muitos deles são alunos de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC).
Os jovens caminham oito dias e acompanham os mais velhos no itinerário longo e duro da romaria, uma tradição de Quaresma no arquipélago.
“O meu pai faz a romaria há 27 anos e sempre tive curiosidade”, conta Francisco Pereira à reportagem da ECCLESIA, nos Açores.
O participante não teme os quilómetros e gosta de caminhar pela ilha; é aluno de EMRC uma disciplina onde também se fala dos romeiros.
“O meu professor já falou da romaria e da forma como a tradição nasceu”, assinala.
Com Francisco caminha o Ricardo Eleutério, também ele aluno de EMRC, que vai na quarta romaria: “Comecei a acompanhar o meu tio em pequenas partes… depois fiz dez anos e passei a ir na romaria”.
Este aluno de EMRC conhece as outras tradições religiosas da ilha como o Santo Cristo dos Milagres ou as Festas do Espírito Santo, mas caminhar na romaria tem um significado especial.
“Penso em Deus, conheço pessoas novas e gosto muito”, relata Ricardo Eleutério.
Por estes dias em São Miguel, ser romeiro dá justificação para faltar às aulas.
Estes jovens integram o Rancho de Romeiros da Lagoa de Santa Cruz: começaram a caminhar este sábado, no dia em que 50 professores de EMRC das ilhas açorianas se encontravam em Ponta Delgada, num Encontro de Formação promovido pelo Secretariado Nacional da Educação Cristã.
António Rocha, professor de EMRC na Escola do Nordeste, destaca a centralidade que estas tradições devem ter no contexto da disciplina.
“Elas estruturam a identidade dos nossos alunos” por isso a disciplina de EMRC procura “valorizar e integrar esta riqueza cultural e religiosa”, precisa.
“Não podemos desligar o aluno do contexto social e religioso que habita” acrescenta o docente, que vê na pluralidade das tradições da ilha uma riqueza e um dinamismo para as próprias aulas de EMRC.
Há 17 anos foi criada a romaria das escolas que saiu no dia 10 deste mês: é uma experiência de apenas um dia, que mobilizou 90 participantes. envolvendo toda a comunidade educativa.
Bento Aguiar, Coordenador da disciplina de EMRC na ilha de S. Miguel, considera que é dever do professor “estar atento à especificidade religiosa da ilha e das suas gentes”.
Ao longo das semanas da Quaresma, 52 ranchos percorrem São Miguel numa atitude de oração e penitência.
A duas semanas do fim das romarias quaresmais, a organização desta tradição faz já um balanço “extremamente positivo”.
Em declaração ao ‘Igreja Açores’, o presidente da Associação Movimento de Romeiros de São Miguel, João Carlos Leite, diz que as adversidades provocadas pelo mau tempo até têm servido para fortalecer a capacidade de resistência.
“Muitos dos romeiros que já chegaram, sobretudo os da segunda e terceira semanas, dizem que após a superação das dificuldades, que foram imensas, não é qualquer coisa que os deita abaixo” adianta.
HM/OC
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