Açores: a ouvidoria de Ponta Delgada e a pastoral sócio-caritativa

Com o lema: “a nossa Ouvidoria e os pobres”, realizou-se no passado dia 22 de Janeiro a IV Assembleia Pastoral da Ouvidoria de Ponta Delgada, presidida pelo Bispo de Angra e que contou com a presença da Presidente da Cáritas diocesana, bem como todos os representantes ao conselho pastoral da Ouvidoria, outros convidados e todas as obras sociais ligadas à Igreja: núcleos paroquiais da Cáritas, Centros sociais e paroquiais, conferências vicentinas, Pastoral da Saúde, Obra da Cadeia, Instituição de Solidariedade Social de Apoio à Juventude, Misericórdia de Ponta Delgada e Pastoral da Mobilidade Humana (a lançar na Ouvidoria).

Com mais de 90 participantes, a Assembleia foi preparada anteriormente com algumas questões para reflexão que foram depois partilhadas em grupos. Após um momento de oração inicial e palavra de acolhimento do Ouvidor, a assembleia teve o condão de chamar à atenção para a necessidade de uma pastoral mais concertada e coordenada dada a conjuntura da crise que atravessamos, e a resposta activa e efectiva que deve partir da Igreja.

Entre o que actualmente se faz, nas respostas a dar à actual crise e no terreno onde todos nos situamos, o olhar para o pobre, ou para as novas situações de pobreza, bem como o testemunho dos cristãos, passará sempre por ser um olhar para quem está mais próximo e ao lado. Presente-se neste sector, quer a nível diocesano, na ilha ou na Ouvidoria, uma necessidade de organização e de encontrar uma estrutura que coordene todo este sector da pastoral. Esta acção poderá ser conduzida pela Caritas Diocesana ou por um Secretariado. Contudo, a resposta não foi dada na Assembleia. D. António de Sousa Braga, bispo diocesano, usando da palavra, referiu que este era um assunto para ser tido em conta em momentos próximos.

Chegaram-se a algumas constatações e problemas em aberto nos grupos de reflexão:

  1. O momento de crise traz à ribalta a designação de novos pobres, que não são desalojados ou sem-abrigo, mas sim famílias que nunca souberam gerir e viver com os seus recursos;
  2. A acção social e caritativa da Igreja não é uma secretaria ou dependência estatal. Contudo, tal não implica que não existam plataformas de diálogo e de acção conjunta com o governo;
  3. No campo da acção caritativa faltam voluntários. Como conquistar os jovens para este serviço?
  4. A Igreja deve ir aonde ninguém vai. É urgente um levantamento das necessidades reais em cada comunidade paroquial e passarmos de uma acção assistencialista a um serviço que promova a pessoa integralmente;
  5. Haverá lugar para um Vigário Episcopal para a acção social caritativa?
  6. Os leigos presentes no serviço da caridade sentem alguma falta de formação neste campo. Por outro lado, na área da comunicação, a Igreja nos Açores deve rever a sua atitude.
  7. A Igreja é profética e deve denunciar as injustiças numa sociedade estruturalmente injusta. Uma comissão de Justiça e paz para quando?
  8. Nas paróquias aonde não exista nenhum serviço caritativo, é de implementar pelo menos, um núcleo paroquial da Caritas. As que já possuam algum serviço não deverão multiplicar os entes.

Numa Diocese de território descontínuo, na maior Ouvidoria da Diocese e numa ilha com grandes assimetrias, D. António Sousa Braga concluiu a Assembleia apelando ao testemunho de cada um dos presentes, louvando o papel da Ouvidoria na organização desta Assembleia, numa temática tão actual no pensamento da Igreja e na realidade nacional.

De Ponta Delgada sai este desafio: ser Jesus hoje é ser Bom Samaritano. Só o seremos indo aonde ninguém vai e desafiando a criatividade numa nova cultura do dar.

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Agência ECCLESIA

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