Acolhidos e desejados

Sandra Costa Saldanha

Com alguma ansiedade e expectativa, a opinião pública tem concedido especial atenção aos movimentos do novo Papa. E tem gostado, manifestando-se em atitudes de louvor que há muito não se viam.

A serenidade do Santo Padre é de facto muito reconfortante. Com palavras de improviso, fala ao coração de todos. Num registo informal, mas inteligível, comunica muito, mas sobretudo fala como muitos queriam ouvir o seu pastor. Francisco tem um discurso inclusivo, alheio ao alvoroço periférico dos media, que obriga a refletir sobre a simplicidade das coisas. Em gestos simples, como são os que nos pede, incita ao afastamento daquele ruído efémero, que nos concentremos no essencial.

Homem emergente, numa estrutura de hierarquias tantas vezes alheias e distantes, impõe deste modo a sua soberania, num registo de proximidade, imensa responsabilidade e sentido de missão. Uma cúpula congregadora, como se deseja, segura e sólida. E aqui abre-nos caminho a um outro plano, maravilhoso, de afetos e esperança.

Faz um apelo à Ternura e ao Bem, desafiando a que se assumam como pilares inquestionáveis na vida da Igreja. Pontos, aliás, particularmente cobrados pela sociedade, a bondade e a caridade são constantes no seu discurso, aspetos inabaláveis e referenciais da ação da Igreja no mundo, verdadeiros baluartes destes tempos intrincados.
Como um amigo, recebe sem distinção, abre as portas da sua Igreja e alimenta a esperança de um caminho renovado. Distingue-se pois, em Francisco, esse fulgor deslumbrante. No seu modo simples, de sorriso iluminado, envolve e acolhe todos quantos se deixam fitar, transmite confiança e todos se sentem desejados. Em troca, recebe aplausos, muito entusiasmo e um sopro revigorante, um sentimento de bem-estar e uma vontade de querer ali estar, assistir e participar, em tão edificante construção.

Sandra Costa Saldanha

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