ACIME pede desculpas pelas consequências do «pseudo-arrastão» de Carcavelos

O Alto Comissário para a Imigração e Minorias Étnicas (ACIME), Rui Marques, considera que as feridas do «pseudo arrastão de Carcavelos» ainda estão por sarar e se deve um “pedido de desculpas” à comunidade que foi atingida. Esta manhã, perante uma plateia caracterizada por jornalistas e vários representantes de comunidades imigrantes em Portugal, Rui Marques dirigiu publicamente um pedido de desculpas, porque reconhece que “há um drama que foi causado”, nomeadamente à comunidade africana. A 10 de Junho de 2005 os órgãos de comunicação social noticiavam a ocorrência de actos de violência e de furto, em grande escala, na praia de Carcavelos, cometidos por grandes grupos organizados de jovens africanos. Uma notícia que fez as primeiras páginas e aberturas de noticiários em toda a imprensa nacional, propagando-se para fora do país. A mesma notícia acabou por ser, dias mais tarde, desmentida. Em declarações à Agência ECCLESIA, Rui Marques afirmou que “este pedido de desculpas do ACIME marca o mínimo que se pode fazer” e justifica-o por considerar “fundamental”. Revela tê-lo feito em nome pessoal e do Alto Comissariado, por uma questão de “obrigação moral” e, acrescenta, “se os culpados são incertos e ninguém assume a culpa, eu creio que uma voz, como a do Alto Comissário, deve nesta ocasião pedir desculpa, tendo a clara noção de que, esta notícia falsa causou um enorme prejuízo a milhares de pessoas que já sofrem de exclusão social, do estigma da associação à criminalidade” e, por isso, “esta pena adicional é injusta”, sublinhou. O Alto Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas promoveu esta manhã, em Lisboa, o seminário «Media e Imigração», onde foram entregues os prémios «Jornalismo pela Tolerância», seguindo-se um painel sobre «O pseudo-arrastão – um ano depois», com a presença, entre outros, de Rui Marques e do Presidente da Entidade Reguladora para a Comunicação Social, José Alberto Azeredo Lopes. Em comunicado de imprensa, o ACIME reconhece que “a Comunicação social tem vindo a assumir um papel central nas mais diferentes áreas da vida dos cidadãos. O assim denominado ‘4º poder’, tem cada vez maior influência sobre a informação, as tendências, as motivações e as expectativas da sociedade e dos seus cidadãos, para o bem e para o mal”. “Interessa por isso, estimular e apoiar a comunicação social, aos mais diferentes níveis, na prática de um jornalismo ético, verdadeiro e consciente da sua responsabilidade social”, acrescenta a nota, enviada à Agência ECCLESIA. “Enquanto organismo público com responsabilidades ao nível da sensibilização da opinião pública para o acolhimento e a tolerância, o ACIME não quer deixar passar despercebido o facto de ainda hoje permanecer para muitos portugueses a convicção que, no dia 10 de Junho de 2005, se realizou um assalto em Carcavelos, conduzido por 500 jovens negros, vindos de bairros degradados”, reconhece a nota de imprensa. Com esse mesmo objectivo o ACIME leva à estampa sob o mesmo título – “O ‘Pseudo-Arrastão’ um Ano depois” – uma publicação que pretende contribuir para repor a verdade, documentando-a e tirando de todo o processo os necessários ensinamentos para o futuro.

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