Movimentos reunidos em Fórum Nacional querem «reafirmar vitalidade, dinamismo e a continuidade»
Os Movimentos da Acção Católica (AC) são desafiados a “gerar novos frutos para novos tempos”, reafirmando “a sua vitalidade, dinamismo e a continuidade como resposta para viver a esperança no mundo”.
Reunidos em Fórum Nacional, por ocasião da celebração dos 75 anos da AC, os diversos movimentos que compõem a AC (ACI, ACR, JARC, JOC, LOC/MTC, MAAC e MCE) dão conta, no documento de conclusões do encontro enviado à Agência ECCLESIA, que as “possibilidades cristãs e evangélicas estão escondidas” mas são já “operantes” e estão “presentes no mundo”.
Os movimentos da AC consideram haver “caminhos não andados”. Esta nova realidade pede “abertura à novidade, consciência de que as exigências, os desafios sociais e eclesiais, são na actualidade muito diferentes e que implicam respostas inovadoras e novas presenças”.
A leitura da realidade, o assumir um testemunho no mundo assente numa pedagogia de revisão de vida, investir numa formação sólida e integral dos militantes, a co-responsabilização dos leigos na vida e na missão da Igreja são pedras basilares da Acção Católica reafirmados no documento de conclusões do Fórum Nacional que terminou este Domingo no Porto.
Como “grandes desafios” os movimentos apontam a necessidade da “valorização dos grupos de base da formação permanente”, exigindo um “maior conhecimento da Doutrina Social da Igreja”. Entre os diversos movimentos o documento aponta a importância de “estimular oportunidades de encontro, actualizar a linguagem da fé e inovar a vivência ecclesial”.
Tendo presente a pluralidade de movimentos, “é fundamental reencontrar o vigor da originalidade da AC”, manifestada pela “espiritualidade secular, a sua mística de acção pessoal e testemunho, o seu rosto de intervenção social organizada e interpelação do meio, que, pela Revisão de Vida, se tornam expressão do amor de Deus por cada pessoa e contributo para uma sociedade de cooperação, partilha e harmonia.
A celebração dos 75 anos da AC será “um incentivo e um impulso decisivos para assumirmos essa presença viva e actuante no mundo”.
Apelos
A celebração dos 75 anos da AC será “um incentivo e um impulso decisivos para assumirmos essa presença viva e actuante no mundo”, “A Acção Católica poderá rever o seu empenho e compromisso, mas fazer também com que outros grupos e movimentos se integrem cada vez mais nesta presença activa no meio do mundo, no ambiente de trabalho, na família, em qualquer situação, para que aí testemunhe, de facto, o que é a Igreja”, disse à RR o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa.
D. Jorge Ortiga considera que a Igreja deve “assumir o seu estatuto de fermento que está no meio da massa”, para, a partir daí, começar “a surgir aquela realidade nova proposta por Jesus Cristo”.
Já D. Manuel Clemente, Bispo do Porto, falou sobre o papel dos leigos “na Igreja e no mundo”, defendendo que “a Igreja, e nela o laicado, tem muito para fazer, mas tem sobretudo de ser. E para ser exactamente uma convivência, não apenas de vizinhança, mas de autêntica circulação de vida e de graças, sendo estas de todos para todos segundo cada um”.
“Consciência e ciência, sensibilidade a competência. Assim quer a Acção Católica enfrentar o mundo e as variadas problemáticas que o compõem e nos interpelam. Creio firmemente que a Acção Católica Portuguesa tem na sua gloriosa experiência passada a melhor garantia da igual conveniência futura”, afirmou.
Em declarações à ECCLESIA, D. António Marcelino, Bispo emérito de Aveiro e antigo assistente nacional da AC, considera que alguns movimentos que surgiram na Igreja fizeram “apagar” a “missão do leigo no mundo”. “Falta um sentido de missão, se isso não existir, não merece ser cristão”, aponta.
Quanto à AC, assegura que “manteve sempre o que era genuíno” nela, ou seja, “cristãos no mundo, nos meios profissionais e sociais – embora com uma grande modificação na sua estrutura”.
Esta nova realidade deve levar a “repensar” a AC, atenta “ao mundo”, “para fora”. O Bispo emérito de Aveiro fala mesmo num “problema muito grave” para a Igreja Católica em função do que considera ser um “défice” de presença dos leigos nos mais variados meios.
“Qualquer prioridade apostólica que passe por sacrificar os leigos no mundo não é conciliar nem evangélica”, atira D. António Marcelino.