Abusos sexuais: Papa emérito diz que crise na Igreja alastrou com o «colapso» de padrões morais

Bento XVI escreveu uma reflexão sobre o problema na sequência da cimeira do Vaticano de fevereiro, onde se refere a uma «transformação sem precedentes» a partir dos anos 60 do século passado

Foto Osservatore Romano, Arquivo, Papa emérito Bento XVI

Cidade do Vaticano, 11 abr 2019 (Ecclesia) – O Papa emérito Bento XVI afirmou que a cimeira sobre os abusos sexuais que decorreu no Vaticano é um “forte sinal” para tornar a Igreja “novamente credível” e considera que o desenvolvimento da pedofilia aconteceu a partir dos anos 60.

De acordo com o portal de notícias do Vaticano, o Papa Emérito escreveu um texto para a revista alemã ‘Klerusblatt’ no contexto da realização da cimeira sobre os abusos de poder, por iniciativa do Papa Francisco e que reuniu presidentes das Conferências Episcopais de todo o mundo no Vaticano, no mês de fevereiro, entretanto divulgado na comunicação social.

“Era necessário enviar uma mensagem forte e procurar um novo começo, com tal de tornar a Igreja novamente credível, como uma luz entre os povos e como uma força ativa contra os poderes da destruição”, escreve Bento XVI a respeito do encontro no Vaticano.

O Papa Emérito refere que o abuso sexual de menores tem de ser compreendido num “contexto societário mais amplo da questão”, com origens na revolução de 1968 e na transformação “sem precedentes” que aconteceu entre os anos 60 e 80 do século passado, quando os “padrões vinculantes relativos à sexualidade entraram em colapso por completo”.

Bento XVI fala em “ausência de normativa” no âmbito da sexualidade e no “colapso” da Teologia Moral católica, que “deixou a Igreja desamparada diante dessas mudanças na sociedade”.

Para o Papa emérito, os graves problemas que a Igreja Católica atravessa poderiam colocar a questão de ser necessário “criar outra Igreja”, mas “essa experiência já foi feita e já falhou”.

“Por que a pedofilia atingiu tais proporções? A razão é a ausência de Deus”, sustenta o Papa, acrescentando que também os cristãos, nomeadamente os sacerdotes, preferem “não falar de Deus porque esse discurso não parece ser prático”.

“A tarefa principal, que deve resultar das convulsões morais de nosso tempo, é que novamente comecemos a viver para Deus e sob Ele”, sublinha o Papa emérito.

Bento XVI termina as suas reflexões agradecendo ao Papa Francisco por tudo que ele faz para mostrar sempre “a luz de Deus que, mesmo nos dias de hoje, não desapareceu”.

PR

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Agência ECCLESIA

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