«A vida não é uma corrida, mas não percas tempo»

Mónica Pinto, Patriarcado de Lisboa

Toda a corrida é a minha vida, mas a minha vida não é uma corrida. Comecei por correr quando tinha 7 e desde aí não tenho parado. Já lá vão uns bons 10 anos a correr, a saltar e a fazer de tudo um pouco no mundo do atletismo. Sempre me disseram que “quem corre por gosto não cansa”, e não é mentira nenhuma pois eu gosto disto. Dá me gosto sentir o coração a bater rápido, dá me gosto sentir toda aquela adrenalina de uma prova e todo o nervosismo que sinto antes da pistola disparar ou da bandeira branca ir para baixo. E de um momento para o outro tudo desaparece. O nervosismo, a ansiedade… tudo. Tudo se resume àquilo. E no meio da euforia que pode ser um estádio de atletismo, entre marcas e relógios, palmas e barulho, o foco e o objetivo é terminar. Chegar à meta e acabar o que se começou. Sei que tenho sempre a minha família e os meus amigos na bancada a torcer por mim.

E de um corta mato escolar, que foi onde tudo começou, para campeonatos nacionais, o sonho é grande. O sonho de representar Portugal. Não há mais nenhum objetivo sem ser esse. E não havia nada melhor que usar as cores de Portugal sem ser nos Jogos Olímpicos. Um sonho de criança. Um sonho difícil, mas alcançável. Na verdade, tudo é alcançável se fizermos por isso, mas este grande sonho que quase não cabe na minha cabeça, era algo inédito de se fazer. Seja para quem for. Um palco como os Jogos Olímpicos é algo digno e de glorificar. Para além de tão grande oportunidade que é participar nos Jogos Olímpicos, honrar Portugal é um bónus. Usar a camisola verde e vermelha, sentir não só o apoio da família e amigos como também de todo o povo português. Deve ser uma sensação incrível.

Embora seja um desporto individualista, tenho um grande grupo que me apoia e grandes treinadores que nunca deixaram de acreditar em mim. Tenho grandes amigos que me compreendem e estão lá para me apoiar seja nos momentos mais baixos que esta “carreira” possa ter, quanto nos mais altos. Tive muita sorte no meu grupo, visto que não há competições para ver quem é o melhor ou assim, nós só estamos presentes em todos os treinos e ficamos felizes uns pelos outros.

No atletismo “é só correr”, quer seja com umas barreiras ou uns obstáculos ou mesmo até uma caixa de areia. A base a base é só correr. É algo que eu digo para me deixar mais tranquila antes de uma prova. Relaxa-me saber que só vou correr e não fazer nada mais.

Comecei o texto por dizer que “a vida não é uma corrida” porque não é. Existe toda uma pressa entre fazer tudo o que podemos fazer para aproveitar as coisas, mas se levarmos tudo com mais leveza e mais calma, conseguimos alcançar o que quisermos. A vida é mais bonita com desporto, com a alegria de fazer desporto.

“A vida não é uma corrida, mas não percas tempo.”

 

Mónica Pinto tem 17 anos e escolheu o curso de artes na escola Secundária Sebastião e Silva. Vem de uma família numerosa com 11 irmãos. A sua família integra Caminho Neocatecumenal de Nova Oeiras. Pratica atletismo no Sporting Clube de Portugal nas modalidades de salto com vara e 400m barreiras.

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Agência ECCLESIA

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