A verdadeira felicidade nasce da amizade com Cristo

Papa dedica audiência geral à Beata Ângela Foligno, grande mística medieval do século XIII

Bento XVI realçou esta Quarta-feira, dia 13, que só a experiência de encontro com Deus pode preencher totalmente o coração de todos os homens.

Um caminho de felicidade que pode ser construído de muitas formas, mas que, não raras vezes, tem de passar pela humildade, pela conversão e pela penitência.

Perante cerca de 40 mil peregrinos que assistiam à audiência geral no Vaticano, o Papa apontou como exemplo a história da Beata Ângela Foligno, “grande mística da Idade Média, que na sequência de uma visão de São Francisco, abandonou a vida mundana que levava e fez uma confissão geral dos seus pecados, iniciando o seu caminho de união espiritual com Deus”.

Nascida por volta de 1248, no seio de uma família rica, Ângela perdeu o seu pai quando ainda era muito pequena, tendo sido educada pela sua mãe de forma muito superficial. Desde cedo foi introduzida nos círculos mundanos da cidade de Foligno, onde conheceu um homem com quem se casou, aos vinte anos, e com quem teve filhos.

Tinha uma vida suficientemente despreocupada, dando-se ao luxo de desprezar os chamados “penitentes”, uma designação muito popular na época que identificava aqueles que, para seguirem a Cristo, vendiam as suas propriedades e se dedicavam à oração e ao jejum, entregando-se ao serviço da Igreja e da caridade.

Alguns eventos, como o terramoto de 1279, um furacão, a longa guerra contra Perugia e as terríveis consequências que daí surgiram, afectaram a vida de Ângela, que gradualmente se tornou consciente dos seus pecados, principalmente após perder o marido e os filhos.

Bento XVI explica que “um passo decisivo aconteceu em 1285, altura em que num momento de oração, Ângela teve uma visão de S. Francisco, que a convidou à conversão”.

“O seu itinerário espiritual caracterizou-se pela passagem gradual da consciência de pecado ao temor do inferno, passando pelo doloroso ‘caminho da Cruz’, até chegar ao ‘caminho do amor’” sublinha o Papa.

Bento XVI assinala no entanto que a Beata não conseguiu traduzir em palavras esta experiência mística de encontro com Deus, nem mesmo durante a confissão que faria após a visão de S. Francisco.

“Uma situação que mostra claramente como o único e verdadeiro Mestre, Jesus, vive no coração de cada crente e é lá que quer tomar plena posse” assinala o Papa.

Bento XVI deixa um convite a todos os fiéis, apoiado numa passagem do Livro da Beata Ângela de Foligno. “Quanto mais nós vemos Deus e o homem Jesus Cristo, mais somos transformados nele através do amor”.

Esta relação especial com Deus só é possível através do poder da oração, pelo que o Papa terminou a audiência geral desta quarta-feira apelando aos peregrinos para que “peçam a Deus que ilumine os seus corações, para que percebam o quanto Ele nos ama e como a verdadeira felicidade vem da amizade íntima com Ele”.

Numa breve alocução proferida em língua portuguesa, no fim da audiência, Bento XVI saudou de modo particular os peregrinos portugueses vindos de Valongo, da diocese do Porto.

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top