Comunicar pode bem passar pelo recurso a meios escassamente aproveitados: a linguagem da arte, a peculiaridade do património, a potenciação do turismo
Com um discurso frequentemente hermético, carregado de conceitos próprios, nem sempre acessíveis, neste processo de adaptação a uma sociedade cada vez mais secularizada, a Igreja Católica tem promovido, frontalmente, um debate saudável em torno das suas próprias dificuldades de comunicação. Como assertivamente sublinha um recente documento das Comissões de Comunicação das Conferências Episcopais de Portugal e Espanha: “toda a ação pastoral da Igreja tem de ser mais comunicativa”. Relativismos à parte, há pois que enfrentar o desafio, simplificar a linguagem, descodificar a mensagem, num compromisso de cedência, que, não pondo em causa a sua identidade, seja verdadeiramente ecuménico.
Ora, a pretexto da temática central deste semanário Ecclesia, dedicada ao Turismo, é pois oportuno evocar a relevância de outros meios de comunicação. Sobretudo em contexto de nova evangelização, e de uma tão reclamada criatividade pastoral, comunicar pode bem passar pelo recurso a meios escassamente aproveitados: a linguagem da arte, a peculiaridade do património, a potenciação do turismo.
Modos eficazes de uma comunicação legível, forçoso será também refletir quanto ao teor do que efetivamente se transmite. Salvaguardada a prioridade da sua missão evangelizadora, não poderão, contudo, perpetuar-se de uma forma meramente instrumental, como meios para atingir um fim. Fechados em objetivos exclusivamente confessionais, arriscando um sectarismo pouco saudável, de fenómeno imposto, fomentariam, sem dúvida, um maior distanciamento da sociedade.
Há, pois, toda uma vasta dimensão a explorar no que à comunicação patrimonial concerne, verdadeiramente Universal e congregadora, onde a Igreja poderá, com legitimidade, promover uma genuína presença pública da Fé.
Sandra Costa Saldanha