Eugénia Costa Quaresma é a primeira leiga e mulher a dirigir a Obra Católica Portuguesa das Migrações, herança com 52 anos, que recebeu com espirito de missão e serviço. Elege a diáspora portuguesa para explicar o quanto ainda se pode fazer entre a espiritualidade e a evangelização, mas reconhece a pedagogia que a OCPM persegue para, na sociedade e na Igreja em Portugal, todos terem casa e serem reconhecidos. Na sua história destaca o contexto dialogante onde cresce, a importância da comunidade paroquial da Amora no seu crescimento e constata que na procura da sua identidade percebeu que antes de ser de uma geografia era de Deus. O olhar que procura o belo, o bom e o verdadeiro das pessoas, em Eugénia Costa Quaresma, é acompanhado de uma timidez curiosa que a leva a procurar sintonias com as pessoas e a dar qualidade ao tempo.
«Vivemos na Europa uma situação dramática e nem sempre temos esta consciência: se não fossem as comunidades migrantes, as igrejas estavam vazias ou fechadas. E é necessário valorizar o potencial evangelizador das comunidades migrantes, não apenas para conservar a cultura e as tradições, mas para lhes dar um novo sentido: existe uma ponte entre a espiritualidade e a evangelização e parece-me que não fazemos ainda essa ligação»
«A identidade é muito forte para os filhos de migrantes. A dada altura a pergunta coloca-se: «de onde tu és?». As pessoas que se relacionam connosco nem sempre nos veem como naturais da terra e perguntam de onde somos, de onde são os teus pais. Em determinada altura percebi que o ser cristã era a minha identidade primeira – primeiro pertenço a Deus e depois a uma geografia»
«A Amora é uma comunidade multicultural que vive a interculturalidade. Aprendemos a conviver, a reconhecer a riqueza das diferenças e onde todos têm um papel e um lugar independentemente do local onde vêm, o que importa é o seu talento. Todos os padres que foram passando pela paróquia ajudaram no construir família, hospitalidade e acolhimento. O que importa é o talento – de onde vem ou a cor da pele são secundários. Não pensava nisso até chegar à OCPM»
«O Natal é para todos, não é só para as crianças como se costuma dizer. Jesus vem para todos e os adultos ainda necessitam mais: precisam de descobri o perdão, a reconciliação, a paz que se constrói em casa. É uma festa cristã, inclusiva para todos, mesmo para os que não acreditam mas aceitam a festa cristã. Falar de justiça porque todos procuramos de justiça, falar de amor porque todos precisamos de amor e ter gestos de doação que promovam o outro».