A Solidariedade activa no presbitério

Homilia de D. Jorge Ortiga, Arcebispo de Braga, na Missa Crismal com o clero da Diocese Nesta Eucaristia crismal de Bênção dos Santos Óleos, que serão usados em toda a Arquidiocese, sentimos a ternura e carinho dum amor de Deus que nos congregou nesta Família Sacerdotal comum. Na renovação dos nossos compromissos sacerdotais queremos dar vida nova à sedução que o mesmo amor depositou nos nossos corações, para reafirmar o encanto e a paixão de, na Igreja e para a Igreja, sermos portadores duma identidade especial. Conscientes da gravidade da hora presente, vamos refrescar os laços da nossa união sacerdotal e reassumir, numa perspectiva toda particular, o trabalho e o testemunho de ser, e querer dar vida a uma verdadeira “Família Solidária”. Desculpai que repita, já o fiz na mensagem que lestes e procurastes concretizar nas actividades pastorais, quanto João Paulo II dizia em relação à solidariedade. Das suas palavras quero extrair nuances para o nosso ser padre “aqui e agora”. A solidariedade “é a determinação firme e perseverante de se empenhar pelo bem comum; ou seja, pelo bem de todos e de cada um, porque todos nós somos verdadeiramente responsáveis por todos” (S.R.S. 38). Todos somos verdadeiramente responsáveis por todos. Eis a essência da solidariedade. 1 – Solidariedade na e através da oração. O ministério sacerdotal é, antes de mais e acima de tudo, um trabalho em Deus e com Deus. Não existimos para fazer coisas talvez belas e bonitas; vivemos para permitir que o único sacerdócio de Cristo resplandeça no nosso viver quotidiano. Daí que a oração nunca pode ser opcional ou facultativa. É como o ar que se respira. Ao viver a oração estamos a interpretar a verdadeira dimensão da nossa solidariedade. Em Deus, estamos em comunhão com todos e tornamo-nos Igreja de louvor e esperança. Sabemos que ninguém substitui ninguém. A falta de oração por parte de alguns prejudica o corpo presbiteral, assim como a sua intensidade enriquece o presbitério fazendo com que interprete o seu ministério à luz do querer divino e da vontade da Igreja. Viver sem oração, ou limitar-se a um mero ritualismo dum funcionário que até pode parecer zeloso, é sinónimo de prejuízo eclesial. O povo de Deus tem direito e deve poder contar com a nossa oração. Por um lado, o corpo sacerdotal, neste ambiente de oração, saberá intuir as correcções pessoais e pastorais a efectuar, experimentará um impulso motivador para a alegria duma entrega e saberá responder aos anseios da comunidade eclesial. Caríssimos sacerdotes, tornemo-nos peritos na oração e cresçamos na intimidade com Deus para dar à solidariedade a raiz que não permite que ela se abale ou desmorone. 2 – Solidariedade com e para o povo O ministério sacerdotal nunca poderá ser interpretado como mero trabalho à procura de resultados pessoais. Fomos constituídos em favor do povo e a razão de ser da nossa vida é a humanidade através duma mediação de serviço e doação. Se vivemos para o povo, a solidariedade está na responsabilidade por ele com a simplicidade e humildade de, por ele, entregar a vida. Nunca podemos ser destinatários do nosso trabalho, procurando-nos nos gostos ou nos resultados pastorais. Ser para o povo é um dever de todos os dias e de todas as horas a interpretar nunca de maneira contrafeita mas na oblação duma vida inteira que se entrega. Esta solidariedade deve passar por uma verdadeira identificação com as alegrias e tristezas do povo que nos foi confiado. Sofremos com eles e com eles nos alegramos. Tornamo-nos um corpo e nunca poderemos ser insensíveis ou duros quanto às solicitações que até podem parecer desordenadas. Também nos compete ordenar o serviço pastoral mas fomos enviados para servir. Caríssimos sacerdotes, o nosso povo merece e necessita duma solidariedade mais activa e terna dos seus sacerdotes. Num mundo sem sentimentos e pouco compreensivo perante as negligências ou erros, o sacerdote sabe estar e testemunhar uma solicitude que envolve a vida com todos os seus mistérios. 3 – Solidariedade na e com a pastoral A responsabilidade pelo bem comum foi-nos confiada no dia da ordenação. Somos sacerdotes duma diocese concreta e com uma pastoral específica. Em primeiro lugar, sabemos que a vida é sinodal, ou seja, caminhamos juntos no intuir os problemas e no discernir as respostas. A pastoral diocesana não é dum pequeno grupo. Ela deve ter o rótulo ou a marca de todos. Uma vez definidos os itinerários de acção, a solidariedade exige que a sigamos e que nunca sejamos interpretadores duma pastoral pessoal. Mais do que nunca, a unidade na pastoral é imprescindível e sabemos como o trabalhar por conta própria não só não constrói o Reino mas lhe é prejudicial. Não posso condenar nenhum sacerdote. Gosto muito de todos e de cada um. Mas, permitam-me a confidência, sofro com a ausência continuada nas nossas actividades dum número significativo de sacerdotes que, posteriormente, não pode testemunhar pertença ao mesmo corpo. Caríssimos sacerdotes, demos graças a Deus pela solidariedade pastoral existente na Arquidiocese mas sintamo-nos construtores duma maior e mais efectiva corresponsabilidade pelo bem comum. Nunca sejamos motivo de dispersão. Tornemo-nos artífices duma solidariedade pastoral activa. 4 – Solidariedade com os sacerdotes Se todos somos responsáveis por todos na oração, no serviço aos irmãos baptizados, no ministério, o importante e condição para que a vida sacerdotal decorra com a alegria que os tempos actuais exigem é a solidariedade entre os sacerdotes. Não se trata só duma dimensão ontológica. É algo existencial que, como recordava o Papa, se adquire com uma “determinação firme e perseverante”: – Como determinação depende de cada um; – Sendo firme ultrapassa todas as dificuldades; – Se é perseverante torna-se trabalho de todos os dias. Esta solidariedade sacerdotal pode e deve ter muitas nuances e só o Espírito Santo sugere o verdadeiro percurso para a efectivar. Em alguns momentos, será uma minuciosa atenção aos colegas vizinhos para expressar amizade através de sinais muito concretos. Noutras, pode significar a destruição da barreira da idade para ser capaz de viver e conviver para além da mesma, disponibilizar-se para ouvir de confissão, para estar perto nos momentos difíceis, para corrigir através de palavras serenas e amigas. Nunca deveríamos ter medo de nos querermos bem e de acreditar que o presbitério é a nossa verdadeira família. Não desconsideremos as relações familiares, mas procuremos imprimir ao nosso sacerdócio um cariz de quem se sente parte doutra família. Dela cada um é responsável e o seu bem-estar material e espiritual depende de cada um. Como Arquidiocese temos procurado criar estruturas. Sei que, sem o óleo do verdadeiro amor, que dá e partilha o que tem e o que se é, nada acontecerá e continuaremos insatisfeitos. Não sei se tenho sido expressão dum amor autêntico a cada sacerdote. Quero pedir desculpa pelas omissões, perdão por qualquer atitude menos solidária e sugestões para ser um verdadeiro pai, solícito e empenhado para que nada falte a nenhum sacerdote. Caríssimos Sacerdotes, peço-vos uma maior solicitude e atenção aos sacerdotes, agradeço aqueles que já se apaixonaram por este apostolado que considero de primordial importância, espero que continuemos a crescer criando todas as condições para sermos felizes em comum. Obrigado pela generosidade de muitos em favor das nossas causas, como por exemplo, o IDAC. Com estes gestos o futuro não mete medo a ninguém. Nesta solidariedade faremos memória e recordaremos quantos partiram para o Pai. 4.1 – Sacerdotes Falecidos 2006/ 2007 (Ordenados pelo Arcebispo Primaz, D. António Bento Martins Júnior) 1. Mons. José Ferreira da Silva, ordenado em 15 de Junho de 1935, foi Reitor da Basílica de Nossa Senhora do Sameiro – falecido em 21 de Abril de 2006; 2. Pe. José de Jesus Ribeiro, ordenado em 06 de Abril de 1946, foi pároco de S. Clemente de Sande, Guimarães – falecido em 01 de Maio de 2006; 3. Mons. Manuel José Gomes da Costa Amorim, ordenado em 15 de Agosto de 1953, foi Arcipreste de Vila do Conde/Póvoa de Varzim e Pároco de Beiriz, Póvoa de Varzim – falecido em 08 de Maio de 2006; 4. Pe. Custódio Alberto Ferreira Pinto, ordenado em 08 de Julho de 1956, foi pároco de Amares e Figueiredo, Amares – falecido em 15 de Junho de 2006; 5. Pe. Joaquim Xavier da Silva Pojeira, ordenado em 13 de Julho de 1952, foi pároco de Parada de Tibães, Braga – falecido em 29 de Junho de 2006; 6. Pe. Mário Xavier Rodrigues, ordenado em 15 de Agosto de 1945, foi capelão da Ordem de S. Francisco, Guimarães – falecido em 01 de Agosto de 2006; 7. Pe. Jorge Pais dos Santos, ordenado em 26 de Novembro de 1944, foi Administrador Paroquial de Cunha, Braga – falecido em 20 de Agosto de 2006; 8. Pe. Manuel Joaquim Pires de Castro, ordenado em 03 de Julho de 1955, foi pároco de S. Mamede d’Este, Braga – falecido em 12 de Setembro de 2006; 9. Mons. Adelino Afonso Salgado, ordenado em 20 de Julho de 1947, foi arcipreste de Terras de Bouro e pároco de Chamoim e Vilar, Terras de Bouro – falecido em 16 de Janeiro de 2007; 10. Mons. António Alexandre Ferreira de Melo, ordenado em 28 de Setembro de 1947, foi pároco de Nova Oeiras e Assistente da Junta Diocesana da ACISJF no Patriarcado de Lisboa – falecido em 12 de Fevereiro de 2007; 11. Pe. António Macedo Ribeiro da Silva, ordenado em 03 de Julho de 1949, foi pároco de Nogueiró e Tenões, Braga – falecido em 04 de Março de 2007; 12. Mons. Rodrigo Alves Novais, ordenado em 15 de Agosto de 1945, foi arcipreste de Barcelos e pároco de Abade de Neiva, Barcelos – falecido em 05 de Março de 2007; 13. Pe. Miguel Baptista Pereira, ordenado em 05 de Julho de 1953, foi Professor Catedrático – falecido em 06 de Março de 2007; (Ordenado pelo Arcebispo Primaz, D. Francisco Maria da Silva) 14. Joaquim das Flores Antunes, ordenado em 15 de Agosto de 1968, foi pároco de Revelhe e Pedraído, Fafe – falecido em 26 de Março de 2007. Na solidariedade da festa comum, homenagearemos: 4.2 – Sacerdotes Ordenados em 16 de Julho de 2006 (Pelo Arcebispo Primaz, D. Jorge Ferreira da Costa Ortiga) 1. Pe. Avelino Manuel Lima de Castro – Santo Emilião, Póvoa de Lanhoso; 2. Pe. Francisco Medeiros Bastos – Riodouro, Cabeceiras de Basto; 3. Pe. João Manuel Pinheiro Antunes – Bico, Amares; 4. Pe. Paulo César Pereira Dias – S. Vítor, Braga; 5. Pe. José Figueiredo de Sousa – Rates, Póvoa de Varzim. 4.3 – Sacerdotes que celebram as Bodas de Prata – 1982/2007 (Ordenados pelo Arcebispo Primaz, D. Eurico Dias Nogueira, em 18 de Julho de 1982) 1. Pe. Albino Azevedo Faria, natural de Antas, Esposende – Pároco da Silva, Fonte Boa e Abade do Neiva, Barcelos; 2. Pe. Delfim Pinto Coelho, natural de Mire de Tibães, Braga – Pároco de Beiriz, Póvoa de Varzim; 3. Pe. Manuel Freire Ramos, natural de S. Sebastião de Touro, Vila Nova de Paiva, Lamego – Pároco de Alhais, Vila Nova de Paiva e Segões, Moimenta da Beira. 4.4 – Sacerdotes que celebram as Bodas de Ouro – 1957/2007 (Ordenados pelo Arcebispo Primaz, D. António Bento Martins Júnior) 2 de Junho de 1957 1. Cónego Amadeu Rodrigues Torres, natural de Vila do Punhe, Viana do Castelo – Professor Catedrático; 14 de Julho de 1957 2. Pe. António Rodrigues Couto, natural de Travassós, Fafe – Pároco de Covelas e Ferreiros, Póvoa de Lanhoso; 3. Pe. Arménio Vaz Monteiro, natural de Queimadela, Fafe – Pároco de S. Faustino, Gémeos e Pinheiro, Guimarães; 4. Pe. Avelino Vieira Cardoso, natural de Ronfe, Guimarães, ex-professor de Religião e Moral; 5. Mons. Domingos Coutinho da Silva, natural de S. Pedro de Merelim, Braga – Administrador da Casa Arquiepiscopal; 6. Pe. Domingos Vieira, natural de Brito, Guimarães – Pároco de Vila Nova de ­­­­­Sande e Figueiredo, Guimarães; 7. Pe. Ernesto de Castro, natural de Ribeiros, Fafe – Pároco de Freitas e Vila Cova, Fafe; 8. Pe. Horácio Campos Moreira, natural de Brufe, Vila Nova de Famalicão – Pároco de S. Paio de Seide e Abade de Vermoim, V. N. de Famalicão; 9. Pe. Joaquim Soares, natural de Revelhe, Fafe – Pároco de Fornelos, Fafe; 10. Cónego José António Gomes da Silva Marques, natural de Santo Estêvão de Penso, Braga – Vigário Judicial do Tribunal Metropolitano e Eclesiástico de Braga; 11. Pe. Miguel da Silva Carneiro, natural de Ponte Guimarães – Professor de Música, no Colégio Militar em Lisboa; 15 de Agosto de 1957 12. Pe. José Alves Duarte, natural de Palmeira, Braga; 13. Pe. José Valentim Pereira Vilar, natural de Terroso, Póvoa de Varzim – Arcipreste de Barcelos e Pároco de Gilmonde e Milhazes, Barcelos; 29 de Setembro de 1957 14. Pe. Alexandre Dias da Cruz, natural de Ribeirão, Vila Nova de Famalicão – foi Pároco de Cabeçudos e Palmeira, Vila Nova de Famalicão; 15. Pe. António Domingues, natural de Alvaredo, Melgaço – Reitor da Igreja dos Terceiros, Braga; 16. Pe. Carlos Alberto Silva Vilar, natural de S. Vítor, Braga – Professor Catedrático; (Ordenado pelo Arcebispo de Luanda – Angola, D. Moisés Alves de Pinho) 17 de Setembro de 1957 – Angola 17. Pe. José Adílio Barbosa de Macedo, natural de Oliveira, Barcelos – Pároco de Remelhe, Barcelos. Jesus, sumo e eterno sacerdote, faz com que, em Presbitério Arquidiocesano, através do amor solidário entre nós e no exercício do nosso ministério, sejamos um testemunho eloquente do vosso amor pela humanidade. Que Maria, a Mãe perita em solidariedade, nos acompanhe na responsabilidade de colocarmos vinho novo nas Bodas do povo que amamos e que Jesus Eucaristia se torne “Fonte e Cume” da nossa missão em Igreja. Sé Catedral, 5 de Abril de 2007 + Jorge Ferreira da Costa Ortiga, Arcebispo Primaz

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