«A Ressurreição de Jesus é a grande certeza do mundo novo que começou a existir»

Homilia do bispo de Viseu na solenidade do Domingo da Páscoa

Queridos irmãos e irmãs!

A Ressurreição de Jesus é a Festa das festas na Igreja, a síntese do memorial dos mistérios da Paixão e Morte de Cristo na Cruz, da sua Sepultura e Ressurreição dos mortos.

Na esperança do amanhecer do novo dia, Cristo Ressuscitado surgiu na noite escura como verdadeira Vida Nova, que venceu as trevas do pecado e fez brilhar a alegria do Domingo de Páscoa.

A ressurreição de Jesus Cristo marca a vida de todos aqueles que n`Ele acreditam e se deixam envolver pelo dinamismo destas celebrações pascais.

Do fogo surgiu o Lume novo, sinal do fogo do Espírito Santo e da luz divina, que brilha no círio pascal e simboliza Cristo Luz do mundo, foi cantado o Precónio: “Esta noite santa afugenta os crimes, lava as culpas; restitui a inocência aos pecadores, dá alegria aos tristes; derruba os poderosos; dissipa os ódios, estabelece a concórdia e a paz”.  Derrubadas as forças do mal a água viva e santa libertou-nos do pecado e guia-nos segundo os caminhos do Espírito para sermos protagonistas da construção de um mundo melhor, anunciando a paz aos corações esfacelados pelas dores e sofrimentos, libertando aqueles que estão envolvidos no pecado e na morte.

A Páscoa cristã significa a passagem verdadeira de Cristo Ressuscitado, da morte para a vida, destruindo assim todas as amarras do pecado e abrir-nos a porta da Vida Eterna. A esperança não desilude, não engana, porque é uma graça sobrenatural para encontrar Cristo Ressuscitado no meio de nós e da sua Igreja. A Ressurreição de Cristo é a garantia da nossa própria ressurreição no último dia, quando participarmos definitivamente na glória de Deus.

Neste dia de Páscoa é Cristo Ressuscitado que nos saúda e nos convida a dar sentido de esperança à nossa existência dizendo: “A paz esteja convosco”.

Façamos ressoar em toda a terra o anúncio solene da Páscoa e levemos juntamente com o som das campainhas, o cântico festivo do Aleluia, a mensagem da alegria do Evangelho, o testemunho jubiloso de tantos irmãos e irmãs, que levam a Cruz de Cristo enfeitada pelas ruas das cidades, vilas e aldeias da nossa Diocese na visita Pascal. Deste modo convidam os cristãos   oração pascal dizendo: “Cristo nossa Esperança, Ressuscitou! Alegremo-nos. Aleluia! Aleluia!

Que nesta Páscoa do Ano Jubilar, o senhor vos encha a todos de alegria e paz na fé, para que transbordeis de esperança pelo poder do espírito santo. Aleluia! Aleluia!

Cristo Ressuscitado derrame a Sua bênção sobre o mundo envolvido em guerra e violência e o transforme em sinais de paz e de amor, ajude as famílias envolvidas na pobreza a ter pão e trabalho, transforme as nossas casas em santuários da vida e igrejas domésticas, as nossas comunidades escolas sinodais de testemunho pascal, com um só coração e uma só alma. Com todos aqueles que na vida procuram o Ressuscitado pelas “estradas de Emaús” cresçam na fé, na esperança e na caridade e voltem às suas casas cheios de redobrada alegria e esperança.

Que o Jubileu vivido e celebrado nesta Páscoa seja para todos nós uma ocasião de reanimar a esperança, de despertar a alegria e a confiança: “Jesus eu Confio em Vós!”.

A Ressurreição de Jesus é a grande certeza do mundo novo que começou a existir, sinal de que Deus não abandona as pessoas e o mundo. Que Jesus Cristo Ressuscitado ilumine os nossos corações, transforme as nossas vidas e nos dê a sabedoria e a fortaleza do Espírito santo para construirmos um mundo com mais justiça, em fraternidade e solidariedade humana.

Com a ousadia da esperança, agarrados a Cristo, verdadeira âncora que salva, façamos da Páscoa o Dia novo, sem ocaso e do tempo pascal a celebração da verdadeira caminhada da vida, sinal da “Esperança, que não engana”, mas confirma a fé em Cristo Ressuscitado.

No centro das leituras do dia de Páscoa está o anúncio e a experiência da Ressurreição de Jesus. A descoberta do túmulo vazio leva Maria Madalena a dar essa notícia a Pedro e ao discípulo amado com espanto: este entrando no sepulcro, “viu e acreditou”.

Este é o início da fé pascal, como relata o Evangelho, o caminho novo que todos devemos fazer a partir do encontro com Cristo Ressuscitado. O “ver e acreditar” no Senhor Jesus vivo e Ressuscitado, é um ato profundo de fé no mundo atual, uma ousadia de esperança, e um testemunho de vida de todos os dias como aconteceu na “estrada de Emaús”.

Lutemos contra a indiferença cristã anunciando como Pedro aos homens de hoje através da pregação do Evangelho a Ressurreição de Jesus, único Salvador e Redentor da humanidade.

Na pregação de Pedro apresenta Jesus  O ungido pelo Espírito Santo, dizendo ao povo: “Jesus Nazaré que passou fazendo o bem e curando todos os oprimidos pelo Demónio porque Deus estava com Ele. Nós somos testemunhas de tudo o que Ele fez no país dos judeus e em Jerusalém; e eles mataram-no suspendendo-O na Cruz. Deus ressuscitou-O ao terceiro dia” (cf, At 10, 34-37).

Sigamos com alegria Cristo nosso Cordeiro Pascal, que foi imolado e tornemo-nos na Igreja os pães ázimos da festa, da alegria e da pureza de uma vida nova.

O relato do Evangelho lembra-nos: “No primeiro dia da semana Maria Madalena foi de manhãzinha, ainda escuro ao sepulcro e viu a pedra retirada do sepulcro. Correu então e foi ter com Simão Pedro e como discípulo predileto de Jesus,  disse-lhe: Levaram o Senhor do sepulcro e não sei onde O puseram”.

Louvemos o Cordeiro Pascal, nossa vida e alimento, para que fortaleça a nossa fé, aumente a nossa caridade e dê sentido de gratidão à nossa esperança pascal e escatológica.

Na certeza da esperança pascal, que o mundo precisa de viver. Anunciemos  juntos, as Boas-Festas em espírito de oração: “Jesus não está aqui Ressuscitou!”. Estas Palavras são a grande mensagem de Esperança e de Páscoa, comunicada às mulheres e aos discípulos, e que hoje devemos anunciar com alegria na Igreja.

Neste Ano Santo vivamos a “Peregrinação Jubilar de Esperança”, que nos conduz a Cristo Ressuscitado e rezemos pela paz na Terra Santa, na martirizada Faixa de Gaza, na Ucrânia, na Síria, no Líbano e principalmente em todos os países onde a guerra gera miséria, fome e provoca tantas mortes inocentes.

Rezemos pelas famílias que perderam os seus familiares, os seus bens e viram as suas terras destruídas, reduzidas a cinzas, para que em Cristo Ressuscitado encontrem a força para recomeçar de novo a vida.

Rezemos pelos cristãos perseguido e pelos povos de outras religiões, que perderam os seus bens por causa da violência e da perseguição, para que encontrem povos que os acolham e ajudem nas suas necessidades.

Rezemos pelos pobres e doentes para que ajudados pelos seus irmãos e cuidadores encontrem a saúde, o bem-estar e a paz.

Com a força que nos vem de Cristo ressuscitado, sejamos construtores de um mundo novo onde reine a justiça, o amor e a paz.

Demos bom exemplo e alegremo-nos e exultemos de alegria, porque Cristo ressuscitado hoje é nosso hóspede, quer sentar-se connosco à mesa para abençoar a refeição da nossa festa pascal.

Sejamos acolhedores, próximos, hospitaleiros e saibamos conversar no “Espírito” com aqueles que neste dia Solene da Sua Páscoa se sentam connosco à mesa do banquete.

Com Maria a Senhora da Alegria, digamos: “Rainha do Céu, alegrai-Vos, Aleluia, porque Aquele que trouxestes em vosso seio, Aleluia! Ressuscitou como disse. Aleluia. Rogai por nós a Deus. Aleluia”.

Alegremo-nos e levemos ao mundo de hoje a doçura das amêndoas, a partilha do folar  da esperança  com os padrinhos e afilhados. Anunciemos a todos e ao mundo de hoje as Boas Festas Pascais do amor e da Esperança, através dos sinais da vida, da alegria, da partilha, da comunhão, da participação e da missão da Igreja.

Desejo a todos vós e vossas famílias os votos de Santas Festas Pascais em Cristo Ressuscitado, nossa Vida e nossa Esperança.

 

D. António Luciano,

Bispo de Viseu

 

 

 

 

 

 

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