Pe. Paulo Franco, pároco do Parque das Nações
Na edificação da nova Comunidade Paroquial do Parque das Nações e na programação da construção do seu Templo, a teologia de comunhão e de povo de Deus desenvolvida pelo Concílio Ecuménico Vaticano II teve uma implicação central. Assim, o Templo teria de ser a casa e a escola de comunhão. Procurou-se, portanto, definir claramente os princípios basilares e conceptuais que deveriam presidir a qualquer projecto que viesse a ser apresentado pelas equipas de arquitectos. A elaboração de um programa iconográfico foi fundamental para que todos compreendessem que edifício deveria ser projectado.
Esta foi a primeira etapa: não apenas elaborar um programa de instalações, onde são descriminados todos os espaços necessários e respectivas áreas, mas, principalmente, um programa onde se deixaria claro o desejo de uma arquitectura simbólica que estaria, assim, ao serviço da liturgia, havendo, desta maneira, uma correspondência perfeita entre a forma da liturgia e a forma das igrejas. A arquitectura deveria então sublinhar dois acontecimentos cruciais: o Baptismo, pelo qual nascemos para a comunhão e a Eucaristia, que nos alimenta e ensina, realizando a verdadeira comunhão.
Ficava, então, claro que desejávamos uma arquitectura carregada de símbolos; que nos ajudasse a estar em sintonia com o carácter de verdadeiro mistério que ali iríamos celebrar. Deveria ser uma arquitectura inequívoca, que a identificasse como Igreja.
Pareceu-nos importante, perante os arquitectos convidados a apresentar as suas propostas, sublinhar alguns aspectos que a seguir destacamos:
1. Centralidade – No seu interior, a disposição dos espaços e da assembleia, convergirá para o que deve ser o seu centro: O Altar, centro da acção Litúrgica da Eucaristia.
2. Axialidade – A existência de um eixo que dinamize a função da Igreja enquanto espaço celebrativo, realçando os seguintes focos litúrgicos: presidência (a cabeça da celebração, Cristo que está no meio de nós, sendo o presidente quem o torna presente); Ambão (a “boca” de onde sai a Palavra); Baptistério (o elemento constituinte da Igreja, enquanto povo de Deus).
3. Assembleia – Há um protagonismo próprio da assembleia que celebra a sua fé, que participa, que se sente como corpo. O entendimento da Eucaristia, baseada na participação da assembleia e da comunidade, centrando inteiramente nestas a acção litúrgica, é uma perspectiva proposta pelo Concílio Vaticano II que queríamos ver presente na própria arquitectura.
4. Iconografia – A contemplação dos mistérios Luminosos do Rosário seria a temática de toda a iconografia que viesse a estar presente na própria arquitectura, num diálogo com as opções artísticas que poderiam vir a ser escolhidas.
Clarificado que estava o conceito da futura igreja, a escolha do projecto a edificar, de entre onze propostas de outras tantas equipas de arquitectos previamente seleccionadas, tornou-se uma tarefa desafiante. A contribuição do Sector das Novas Igrejas do Patriarcado de Lisboa, bem como de técnicos e especialistas na área da arquitectura e engenharia, foi essencial nesta etapa que se tornara muito delicada.
Nenhum projecto é perfeito nem possível de responder, de forma inquestionável, ao desejo de quem o procura. Foi, então, necessário corrigir e melhorar o projecto escolhido. Nesta etapa, a comissão da paróquia responsável pelo processo da nova igreja teve um papel determinante, sobretudo o comité técnico – uma atitude crítica e atenta foi fundamental para que nenhum pormenor fosse descurado.
Pe. Paulo Franco, pároco do Parque das Nações