Brincar, explorar, imaginar, construir com as mãos foi o caminho feliz que Luís Santos experimentou para cedo, na sua vida, para perceber que a arte era a sua linguagem. Não sabia como, não sabia onde, mas tinha a certeza que esta habilidade, esta forma de ver o mundo, era um dom de Deus. Não foi no sacerdócio – ainda que essa dúvida o tenha levado durante dois anos ao pré-seminário – mas foi no construir companhia, no descobrir diferentes camadas de um texto a encenar que a sua vocação se consolidou.
O caminho foi acompanhado por mestres – Cristina Reis e Luís Miguel Cintra no Teatro do Bairro Alto com a Cornucópia – que ora lhe falavam do valor da palavra, de uma sombra, de uma luz, de um espaço que faz brilhar um momento numa encenação, ora o desafiavam para ampliar o olhar e encontrar Deus em conversas e partilhas.
O cenógrafo, hoje também professor, não tem dúvida que “o protagonista invisível” – o cenário – concebido para ser efémero traduz “emoção, presença, memória” e, mesmo depois de desmontado e à espera da próxima encenação, irá dialogar com o espetador.
Pela imaginação e pelas mãos de Luís santos já passaram espetáculos musicais como ‘Wojtyla’, ‘Fénix’, ‘Jesus Christ Superstar’ ou ‘Thérèse Martin’, em parceria com Matilde Trocado, mas também ‘O Estado do Bosque’ na Cornucópia, ou o palco no Parque Eduardo VII na Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023, são exemplos de como os materiais traduzem relações, procuras mas também certezas da presença de Deus.
