A pobreza não se resolve com as sobras

Olhando para a realidade, para os bens da terra e para a alimentação feita é “preciso mudar o estilo de vida” – disse à Agência ECCLESIA o Pe. Manuel Joaquim Rocha, membro da equipa formadora que organizou as jornadas de formação permanente do clero da diocese de Aveiro. O homem educado na sobriedade “obriga-se a si mesmo – na sociedade e como cristão – a uma acção social cristã” – frisou. Subordinada ao tema «O serviço aos pobres: Um desafio à Igreja e à sociedade», estas jornadas realizaram-se na Casa diocesana, de 14 a 17 deste mês. Nas conferências proferidas por vários oradores ficou assente que “temos de afirmar a caridade cristã”. “Independentemente do Estado fazer ou não fazer, é uma afirmação da nossa identidade” – realçou o Pe. Manuel Joaquim Rocha. Na realidade social portuguesa esta acção é feita em cooperação com o Estado. E exemplifica: “o caso dos Centro Sociais Paroquiais que têm dado alguma guerra”. O sacerdote aveirense sublinha que a “Igreja muitas vezes ocupa o lugar do Estado e este não consegue perceber o lugar e o trabalho desenvolvido pela Igreja”. Depois destas jornadas, o Pe. Georgino Rocha – citando o Alfredo Bruto da Costa – afirma que o Evangelho precisa de “ser lido com olhos limpos”. Um dos oradores afirmou que “Deus não quer a pobreza, mas ama os pobres”. “A pobreza não se resolve com as sobras”, mas obriga a uma “mudança de vida”. E lamenta: “Os quinhentos homens mais ricos do mundo têm o dinheiro de 420 milhões de pessoas”. Baseado na encíclica de Bento XVI – «Spe Salvi» – D. Carlos Azevedo disse aos padres e diáconos permanentes presentes que “é necessário intervir na realidade porque não intervir é pecado”. A intervenção implica uma mística que “provoca desalento”, mas “causa alegria”. E adianta: “é fundamental uma transformação interior”. “Quem luta pela liberdade dos outros mantém e multiplica a sua própria liberdade” – sublinha. Para que esta formação não ficasse apenas na vertente teórica, a organização levou aos presentes realizações concretas. “Respostas que a igreja de Aveiro dá aos problemas” – salienta o Pe. Manuel Joaquim Rocha. E exemplifica: “obra de libertação da droga; obra de apoio aos deficientes; Obra de ajuda às prostitutas e defesa da vida e obra de apoio ao luto”.

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Agência ECCLESIA

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