Henrique Matos, Agência ECCLESIA
A fechar a época dos “Santos” e no ranking da popularidade, chega-nos agora em terceiro lugar, São Pedro.
Em alguns Concelhos será feriado e para muitos, uma última oportunidade para o arraial popular embrulhado na devoção ao santo.
Começámos pelo franciscano António, português de Lisboa e global em Pádua; depois chegou São João, o homem austero que vivia no deserto, que batizou Jesus e que perdeu (literalmente) a cabeça pela paixão à verdade. Agora temos Pedro que é afinal, o único dos doze apóstolos com santidade popular entre nós.
Sem ser um aficionado do arraial nem contar os dias para os bailaricos, confesso que, entre os Santos Populares, simpatizo mais com São Pedro.
Ele não tem a profundidade do conhecimento teológico de António nem a radicalidade austera do batista. É tímido, por vezes fala antes de pensar, arrepende-se e, envergonhado recomeça.
Pedro é cada um de nós… falo por mim pelo menos. Uns dias a coragem não nos falta, noutros negamos quem somos só para que os dedos não se virem para nós, com frequência hesitamos e temos dúvidas, mas por vezes, temos também a força para nos erguermos do chão e continuar o caminho.
Mas em Pedro, há mais que me fascina. Sendo analfabeto e simples, foi o primeiro entre os doze, a entender que Jesus era o Cristo, o Filho de Deus vivo. Disse o que não era (ainda) para saber, e fê-lo porque Pedro é um coração que sente e não consegue calar a emoção que experimenta.
Pedro é a pedra sobre a qual Cristo edifica a Igreja e o coração que recorda a essa Igreja a sua essencial humanidade, a urgência de ser sensível à circunstância do homem e da mulher de cada tempo.
É por isto que, para mim, Pedro leva o título da popularidade, porque nele percebemos que a santidade é o único caminho que o batismo inaugura e que ela não é inacessível nem reservada a mulheres ou homens “super”. São Pedro é o maior incentivo a seguir esse caminho, ele não é perfeito, é vulnerável, vacila e cai, é tal qual como nós. Na sua humildade, no seu arrependimento, sabe que pode e deve continuar o caminho e, como ele, todos nós.
Sem retirar colorido à festa nem apagar o sabor dessa sardinha no pão, festejemos então o santo pescador, mas não nos fiquemos pelo que vem na rede e tenhamos como ele, a capacidade de a trocar por algo maior.