Homilia do Dia da Igreja Diocesana de Aveiro 1.Saúdo-vos irmãos e irmãs com imensa e fraterna alegria e por vós e convosco saúdo todos os membros da Igreja de Aveiro neste Dia da Igreja Diocesana, o primeiro que vivo convosco. Reunidos no Santuário de Santa Maria de Vagos sinto muito de perto a bênção materna de Nossa Senhora, a Mãe de Deus e nossa Mãe. Daqui irradia para toda a Igreja Diocesana a sua solicitude materna e a sua dedicação atenta, a que desde o início da Igreja sempre nos habituou. Este dia inscreve-se no nosso calendário pastoral como um momento de festa, de oração, de reflexão e de celebração para a grande Família Diocesana que é a Igreja de Aveiro. As famílias da Diocese mereceram ao longo deste ano pastoral uma particular atenção da Igreja diocesana. Anima-nos o desejo de continuarmos no futuro o esforço pastoral em boa hora relançado. Percorreremos com alegria e confiança os caminhos ao longo deste ano iniciados. 2.Celebramos hoje a solenidade de São João Baptista. Este homem surge na história da salvação como “uma luz que rasga os céus” e dissipa as trevas do medo, do desânimo e do cansaço do povo de Israel que sentia demorar a vinda do Salvador. Alguém que anuncia a luz das nações, que reconduz o povo à esperança, Israel à salvação e proclama a urgência da unidade para as tribos separadas e dispersas. Verdadeiro exemplo dos mensageiros e profetas de Deus, João Baptista é apresentado por S. Paulo no texto dos Actos dos Apóstolos como aquele que prepara a vinda de Jesus, o Salvador. Também a nós é confiada esta missão e é dita esta palavra de salvação:”Preparai os caminhos do Senhor porque Deus está próximo”. A especificidade desta missão é misteriosamente manifestada na escolha do nome João. Este nome não é dado na linha de continuidade de uma herança ou de uma tradição familiares. Este nome nasce de uma nova e única missão que fez de João o Percursor do Salvador, o apelo corajoso da autenticidade, da coerência e da conversão e a testemunha da misericórdia de Deus para com o seu povo. Compreendemos por isso que o seu nascimento tenha constituído uma grande alegria porque nele o povo de Israel descobriu novo sentido e renovada esperança e tocou de perto o absoluto de Deus, a presença do Milagre e a proximidade da Salvação. O texto do Evangelho de hoje recorda-nos tantos outros através dos quais se nos revela como a multidão, as pessoas simples, os descrentes e mesmo os mais estranhos à dimensão do religioso e ao despertar da fé se apercebem da presença, da acção, da palavra e da bondade de Deus.. “A mão do Senhor estava com ele” (Lc.1,66), lembra-nos o Evangelho, e “ele crescia e fortalecia-se no Espírito”. 3.Este é o dia indicado para proclamar: “A mão do Senhor está contigo, Igreja de Aveiro”. Desde as terras da Ria e do mar, aos campos e às serras, desde a proa de um navio, ao barco de um pescador, à oficina e à fábrica, à escola e à universidade. “ A mão do Senhor está contigo”, Igreja de Aveiro, como voz de profeta a abrir caminho e farol a iluminar as vigílias de novos dias de uma renovada missão diocesana que retome os dinamismos pastorais de sempre e os actualize e cumpra, dando-nos a todos a força da esperança para levar por diante as prioridades pastorais que nos propusemos dinamizar e consolidar no limiar deste milénio: A pastoral juvenil e vocacional, a pastoral familiar e a pastoral social. Nunca será demais demorarmo-nos neste esforço pastoral e arreigarmos este compromisso cristão para que os nossos planos pastorais tenham profundidade, consistência e continuidade. Pertence-nos tudo fazer para que todos nós membros desta Igreja Diocesana sejamos rosto e voz, palavra e vida de uma Igreja perita em humanidade, próxima e fraterna e corajosa mensageira das bem-aventuranças. Vemos no horizonte surgir oportunidades para darmos sentido a uma missão que envolva toda a diocese, consolide a beleza da nossa comunhão, intensifique o diálogo com a sociedade e com o mundo imenso da educação e do trabalho, da cultura e da cidadania que moram à nossa porta. A missão para cada um de nós passa hoje necessariamente por aqui. Pela consciência de que somos Igreja de Jesus Cristo em terras de Aveiro, como canta o nosso hino diocesano. O mundo a evangelizar começa aqui. À beira da Mãe. À sombra do Santuário. Centrados na Eucaristia. O mundo a evangelizar é este mundo que amamos. São as crianças e os jovens. As famílias. Os pobres a alimentar, a vestir e a acolher. Os doentes e os idosos com quem queremos partilhar solicitude e dedicação. São também aqueles que erguem acampamentos transitórios nas periferias das nossas cidades ou vivem permanentemente em caravanas no meio de nós. Lembro os ciganos cujo Dia nacional a Igreja celebra hoje. 4. O segredo da família humana é o amor, a fidelidade, a generosidade e a perseverança. Igualmente o deve ser da Família diocesana: O amor filial a Deus e o amor fraterno do mandamento novo: A fidelidade e a generosidade de tantas vidas dadas à Igreja e ao Mundo. A perseverança de quem permanece até ao fim. Esta é uma hora de gratidão devida aos bispos, sacerdotes, diáconos, consagrados e consagradas, leigos e leigas que ao longo do tempo com generosidade e entrega ilimitadas edificaram a Igreja que hoje somos. Convido-vos, irmãos e irmãs, a que a alegria fraterna e os compromissos pastorais deste Dia da Igreja Diocesana se multipliquem e se manifestem em cada domingo do ano e em cada comunidade paroquial reunida para celebrar a Eucaristia. Quero percorrer os caminhos da nossa Diocese e destes caminhos convosco fazer percursos de nova evangelização onde falar de Jesus, celebrar e testemunhar Jesus e viver de Jesus signifique transformar e humanizar a sociedade. São muitos os desafios do nosso tempo nesta hora de mudança de época e de civilização. São iguais os nossos sonhos, desejos e projectos pastorais para que nenhum destes desafios fique sem resposta adequada e evangelizadora. Esta é a hora da missão. Uma missão aprendida e recebida de Jesus. Sigamos o Senhor Jesus como discípulos, aprendendo diariamente o caminho das bem-aventuranças, promovendo uma solicitude permanente pelos mais pobres, os mais vulneráveis e os mais esquecidos, para que a caridade e justiça caminhem a par na nossa diocese e o pão e a fé estejam ao alcance de todos. Queremos ser esta Igreja em missão que “sabe acolher e valorizar cada um dos seus membros; que se esforça para que cada paróquia seja casa e escola de comunhão; que anima, relança e forma pessoas, grupos, movimentos apostólicos e novas comunidades”( Da mensagem da CELAM). Queremos ser uma Igreja presente, atenta, solícita e próxima dedicando mais tempo a Deus e às pessoas. É nesta fidelidade ao mandato de Jesus confiado aos seus discípulos que hoje enviamos em missão de voluntariado missionário para o Brasil e para a África 17 membros da Igreja diocesana e que aqui mais uma vez renovamos a nossa comunhão com todos quantos enviados desta Diocese ali trabalham como missionários há já vários anos. Convosco, caríssimos jovens, queremos partir a evangelizar os que no nosso meio e na nossa terra não conhecem Cristo ou d’Ele se afastaram. O vosso testemunho e exemplo desafiam-nos a vencer a inércia e o comodismo, o medo e o desânimo. A hora que vivemos é uma hora de esperança. Professar a nossa fé significa para cada um de nós tornar pública a nossa esperança. Celebrar a Eucaristia com fé significa para a Igreja celebrar o Sacramento da caridade e da esperança. 5. Confio a Nossa Senhora de Vagos, Mãe de Deus e nossa Mãe, invocada na nossa Diocese com tão belos e significativos títulos, os novos caminhos a percorrer em Igreja diocesana. Que Ela nos ensine como Mãe de Jesus a sermos discípulos de Seu Filho e que Ela nos oriente como Mãe da Igreja a sermos corajosos mensageiros da alegria, da esperança e da vida que de Cristo todos recebemos. Dia da Igreja Diocesana de Aveiro Santuário de Nossa Senhora de Vagos, 24 de Junho de 2007 +António Francisco dos Santos