A Invasão da Terra

Desde há muitas décadas que o cinema se debruça sobre a eventualidade da invasão da Terra por seres extraterrestres, dando a estes as mais diversas configurações ou aparência, poderosos e com capacidade de resistência. H.G. Wells tem estado regularmente na origem dos argumentos que servem de suporte a obras de tal natureza. Steven Spielberg, realizador de inegável sucesso, passou por esta área em diferentes abordagens, primeiro em «Encontros Imediatos do Terceiro Grau», nas suas duas versões, depois em «E.T. o Extraterrestre». Volta agora ao mesmo tema socorrendo-se de um argumento que parte do romance homónimo de Wells, «Guerra dos Mundos». De Spielberg esperamos sempre muito. Mas, se teve um início de carreira verdadeiramente admirável, com o tempo foi tornando as suas obras mais banais, sendo hoje mais um industrial de cinema que um cineasta preocupado em transmitir algo de novo. «O Resgate do Soldado Ryan», de 1998, terá sido a sua última obra de grande fôlego. «Guerra dos Mundos», precedido de uma campanha de marketing notável à escala mundial, foi aguardado com muita esperança e será seguramente um enorme sucesso de bilheteira. Mas tal não impede que não consiga sair de uma certa mediania em que se repetem momentos já vistos em filmes do género desde de tempos imemoriais. Tecnicamente é um filme perfeito, com muita acção e efeitos especiais notáveis, mas a tensão dramática não se constrói com a devida intensidade nem chega a haver verdadeiro efeito de surpresa. Tom Cruise e Tim Robbins continuam em plena forma e a eles se devem os melhores momentos da narrativa. Fica a mensagem, de todos conhecida, de que a inteligência do homem nem sempre será suficiente para vencer o poder vindo do espaço, mas a natureza, no seu equilíbrio, encarrega-se de suprir as insuficiências humanas dando a vitória à incompatibilidade entre meio ambiente e os seres de origem longínqua. Francisco Perestrello

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