Sandra Costa Saldanha, diretora do Secretariado Nacional dos Bens Culturais da Igreja
As más intervenções de conservação e restauro constituem, de longa data, um dos maiores e mais graves atentados contra o património cultural da Igreja. Domínio que se debate com diversos problemas – nem sempre sinalizados e de difícil quantificação – não é novidade que se justificam, em muitos casos, pela escassez de recursos financeiros ou pela ausência de técnicos especializados ao serviço das dioceses. Mas outras são as contrariedades. Não aquelas adiadas por imperativos económicos, mas as que efetivamente se materializam: os procedimentos desadequados e as intervenções danosas, quantas vezes, irreversíveis.
Levadas a cabo por pessoas sem qualificação, por vezes de formação autodidata e em atos de amadorismo, se, por um lado, entroncam numa autonomia local especialmente nociva, assentam, por outro, na ausência de fiscalização e acompanhamento técnico apropriado. As orientações normativas existem (e em abundância) mas são liminarmente negligenciadas. Falha uma ação escrupulosa e consequente. Reconhecendo-se a insuficiência e fragilidade de alguns serviços, pese embora o esforço de acompanhamento noutros casos, ele é manifestamente insuficiente no panorama das 20 dioceses que marcam o mapa eclesiástico nacional.
Será pois neste sentido que, aspirando à implementação de uma dinâmica de atuação concertada, terá lugar em Fátima (no próximo dia 6 de dezembro) o IV Conselho Nacional para os Bens Culturais da Igreja.