A inclusão e a igualdade de condições de acesso e de sucesso são, ainda, o desafio maior da Escola

Carlos Fernandes, Comissão Diocesana Justiça e Paz de Bragança-Miranda

A inclusão plena no ambiente sócio-escolar e a igualdade de oportunidades de acesso aos meios de aprendizagem e de sucesso no trabalho escolar são, ainda, no dealbar do novo ano letivo de 20-21, o principal desafio a enfrentar.

Sê-lo-iam sempre, dadas as assimetrias sociais da composição da sociedade portuguesa mas o ainda pouco conhecido SARS-CoV-2 e a sua conhecida consequência maior, a COVID-19, por sua vez desencadeadora de subconsequências em cascata, aumentaram desmesuradamente o desafio.

Nas escolas vivem-se tempos incertos, não só por não haver certezas acerca da evolução desta crise pandémica mas também pela necessidade constante de adaptação a novas situações de ensino-aprendizagem, que continuam a surpreender os intervenientes. Hoje em dia, é comum falarmos de ensino presencial, ensino a distância, distanciamento físico, distanciamento social, separação de grupos, diminuição do contacto social (quando a essência da escola é o contacto social prolongado).

A grande maioria dos docentes e discentes tem-se adaptado, com grande esforço e dedicação, a esta nova situação mas as condições, os meios, as formas e os ritmos de adaptação são muito diferenciados em função da formação de cada docente e das condições sociais e culturais dos membros de cada família, por parte dos discentes.

Se há casos de sucesso, com docentes e discentes motivados com a oportunidade de usar muito mais as novas tecnologias, também continua a haver muita incerteza sobre os meios pelos quais muitos alunos acedem aos bens e processos escolares e ainda sobre como são acompanhados e orientados.

De aí, o receio de que haja um agravamento das desigualdades sócio-escolares quando a escola, nesta pandemia, depende do acesso a bens como telemóveis, computadores e ligação à internet. Muito tem sido feito pelas autoridades autárquicas que, no terreno, juntamente com as direções dos agrupamentos das escolas de Bragança, apoiam, com material informático, vários alunos que, em alguns casos, nem têm televisão em casa graças à «epidemia financeira» provocada pela TDT (Televisão Digital Terrestre).

Acresce que a maior parte dos outros alunos que frequentam a escolaridade obrigatória não tem acesso adequado à internet nem a sistemas informáticos com hardware e software atualizados. Muitos pais também não estão preparados para acompanhar os filhos, nestas idades, motivando-os para estudar e acompanhar a aprendizagem em contexto misto de ensino-aprendizagem, presencial e a distância.

Muitas escolas já possuem plataformas adequadas, mas muito mais há a fazer neste campo, sendo urgente investir para que cada Escola tenha os recursos multimédia necessários a uma escola de sucesso para todas e para todos.

Carlos Manuel do Nascimento Fernandes,
secretário da Comissão Justiça e Paz da Diocese de Bragança-Miranda e subdiretor do Agrupamento de Escolas Emídio Garcia, em Bragança.

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Agência ECCLESIA

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