Sandra Marisa Rodrigues, Diocese de Bragança-Miranda
Todos sabem ler, mas nem todos sabem proclamar a Palavra de Deus. Quando somos chamados a emprestar a nossa voz, para proclamar uma leitura, devemos saber de antemão da enorme responsabilidade que temos.
Os leitores devem ter o cuidado prévio de estudar a leitura, entender a mensagem, para que esta chegue corretamente à assembleia. Este é o principal desafio, o desafio de termos a humildade de nós próprios nos escutarmos e fazer uma autoanálise: Consegui passar a mensagem desta leitura? Entenderam o contexto na assembleia? Pronunciei corretamente as palavras?
Este era um exercício que fazia, no grupo de leitores, enquanto coordenadora. Foram 8 anos de partilha, de crescimento. É uma tarefa nada agradável, corrigir a leitura de tão bons leitores. Mas a grande preocupação é sempre a mesma PASSAR A MENSAGEM. Claro que alguns não aceitam tão bem como outros, esta dita correção ou melhor aperfeiçoamento. Como coordenadora tinha a preocupação de enviar sempre as leituras uns dias antes, para que a pudessem estudar, ler e reler, sempre com algumas anotações e com o pedido: treinem em voz alta. Uma coisa é ler para dentro, para nós, outra coisa é ler em voz alta, onde a respiração nas pausas tem que ser treinada.
O leitor deve ter o cuidado de ser delicado, desde o momento em que se levanta até ao momento que retorna ao seu lugar. O simples caminhar até ao Ambão deve ser feito com delicadeza. O leitor deve ter o cuidado com o seu vestuário, com o calçado, com a postura, colocar o microfone na posição correta, para que a projeção da sua voz seja alcançada. Verificar se o lecionário está aberto na leitura correta, se o leitor fez o trabalho de casa, logo se apercebe se está na página correta, fazer as pausas nos momentos certos, não ler com pressa, nem ler demasiado devagar, para que a assembleia não desvaneça. Deve olhar para a assembleia, para que haja um compromisso de escuta e aos poucos com a experiência consegue ler e observar a assembleia. Afinal vamos emprestar a nossa voz, como já tinha referido, que honra tão grande.
Numa formação de catequistas que assisti, a Irmã Maria José da Congregação das Servas Franciscanas Reparadoras de Jesus Sacramentado, referiu que o Ambão é o símbolo da gestação cristã. Fiquei a pensar nessa descrição por algum tempo. Até que consegui perceber o seu significado, poi é através do Ambão, onde as leituras, o evangelho é proclamado e até a homilia do presidente da celebração é feita. Portanto é onde a nossa fé cresce, onde o fermento da fé, faz o seu trabalho para germinar no coração dos cristãos.
Para que quem escute, sinta. Sinta a Palavra no coração.
Sandra Marisa Rodrigues